sábado, 22 de dezembro de 2007

O início de uma nova etapa

“Senhor, dai-me serenidade para suportar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as que posso e sabedoria para distinguir umas das outras. Mas, dai-me Senhor, sobretudo, ânimo bastante para não desistir daquilo que eu penso estar certo, mesmo que seja sem esperança”

( Almirante C. Nimitz )




Com a chegada do Natal estarei saindo de férias e só voltarei às minhas atividades diárias no fim de Janeiro de 2008.

Essas longas férias não são devidas a cansaço físico , falta de ânimo de continuar lutando por tudo aquilo que acho correto , mas sim por um certo cansaço mental. O ano de 2007 foi , para mim, um ano difícil embora - felizmente - tenha sido melhor para grande parte da população brasileira, que teve mais comida na sua mesa , um pouco mais de esperança num futuro ainda mais promissor. E não é por outra razão que idolatram o presidente Lula, que mesmo criticado por muitos - inclusive por mim - fez a diferença para a parte mais sofrida da população.

Meu cansaço mental vem da constatação que poderíamos estar melhor do que estamos, que a corrupção cresce e se alastra para todos os cantos e que os políticos esqueceram que são os representantes do povo e nada fazem por ele. Para aqueles - como eu - que acompanham diariamente o que acontece no mundo e no País, fica a sensação de que continuamos a ser o último vagão do trem do desenvolvimento sustentado. Pouco aproveitamos da maré mundial a nosso favor para aprofundarmos nossos fundamentos, criarmos pilares sólidos para enfrentar qualquer tormenta que o futuro possa nos “premiar”. É certo que o “céu de brigadeiro” do cenário internacional chegou ao fim, 2008 será diferente para o Brasil. Pior ou melhor, depende apenas de nós. Da capacidade de gestão da cúpula de Brasília, da volta dos políticos ao trabalho e do vigor dos nossos empresários. Pois gente, trabalhadores e mão de obra qualificada, é o que não falta neste país.

Diante dessa realidade, decidi tirar essas férias prolongadas para repensar nesta nova etapa da minha vida. Continuarei mantendo meu blog ativo e minhas participações na imprensa escrita e falada ? Deixarei tudo de lado por um tempo e partirei para escrever meu segundo livro? Ou, partirei para novos projetos além daqueles que já tenho na minha vida profissional ( conselhos de empresas e ONG’s) ?

Essa dúvida veio crescendo ao longo das últimas semanas , quando percebi, com mais clareza, que a imprensa tem pouco peso - alguns órgãos mais outros quase nenhum - em relação ao que acontece em Brasília. A CPMF - um assunto econômico - foi decidida politicamente (primeira derrota política do presidente Lula). Mas, infelizmente, para mim pouco ou nada vai mudar. O presidente Lula ocupará os espaços na sua maneira usual, os reflexos da não prorrogação da CPMF se farão sentir nas decisões que o governo irá tomar. E quem pagará a conta, sem dúvida, seremos nós, o povo, os contribuintes. E será que é isso, questionando, na maioria das vezes, o que acontece em Brasília que quero continuar fazendo ? Por isso, preciso parar para pensar.Ou me engajo de vez na minha “veia jornalística”, ou o projeto de vida será outro.

Queria, portanto, agradecer todos aqueles que me prestigiaram esse tempo todo, que leram e comentaram meus artigos no Jornal do Brasil e na Gazeta Mercantil. Que mantiveram ativo o meu blog, visitando e opinando.


Grato, mesmo !


quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

A hora e a vez dos empresários (3)

Neste último artigo da série referente a extinção da CPMF, vamos focar na atuação dos empresários e o que precisamos deles no decorrer dos próximos meses. Uma “batalha” foi ganha pela Fiesp/Ciesp mas, infelizmente, a “guerra” não terminou.

Para convencer a população e congressistas a concordarem com a não prorrogação da CPMF até 2011, foi elaborado um documento detalhando as razões pelas quais o governo não necessita dos R$ 40 bilhões envolvidos na discussão. No “sumário executivo” são alinhadas as diversas fontes de receitas adicionais para 2008, num total de R$ 55,7 bilhões, o que faz com que “a CPMF é absolutamente desnecessária para o País, bem como o orçamento, equilíbrio fiscal e investimentos da União”.

Embora nosso propósito não seja discutir o trabalho elaborado mas, sim, o que vem pela frente, não podemos deixar de mencionar que algumas das premissas utilizadas já correm risco de não ser totalmente concretizadas. O menor desembolso de juros no total de R$ 13,9 bilhões pagos pelo governo, seria uma conseqüência da “trajetória declinante dos juros”. No quadro atual, com inflação externa e interna e possibilidades de pressão adicional nos preços, fica difícil acreditar que a taxa de juro chegue aos 9,6% a.a. previsto pelo trabalho, O ganho adicional de R$ 7,5 bilhões na “revisão da taxa Selic” também corre o mesmo risco. E para finalizar, o trabalho prevê uma redução de despesas de pessoal na ordem de R$ 5,5 bilhões. Há espaço para essa redução, seguindo o raciocínio lógico do “paper” da Fiesp/Ciesp. O problema, entretanto, é outro : no DNA do governo Lula não existe traços de “redução de despesas”.

Confirmando essa afirmação, o BNDES acaba de efetuar aumento de salário de 20% para quase metade do seu pessoal, os quais foram contratados a partir de 1988 (cerca de 1000 pessoas foram beneficiadas de acordo com a Folha). Existe um racional para essa decisão (esses funcionários recebem menos do que os mais antigos) , mas seria a hora de fazê-lo ? O governo não precisa ajustar suas despesas de custeio para fazer frente a perda da CPMF ?

Continuo defendendo minha tese de que a CPMF deveria ter sido prorrogada por 10 anos, com redução anual da alíquota em 0,03%, chegando a 0,08% em 2017, quando passaria a ser definitiva para dar à Receita Federal o instrumento que precisa para não deixar escapar os sonegadores. Em conversa que mantive pessoalmente, há alguns anos, com o então secretário Everardo Maciel, ele informou-me quão importante era a CPMF para flagrar os sonegadores. Pessoas cujas declarações de Imposto de Renda mostravam rendimentos e patrimônio baixíssimos, mantinham um giro bancário algumas vezes superiores ao que declaravam. Esse é, pois, um problema que não ficou resolvido com a simples extinção da CPMF. Creio que utilizando-se a proposta acima, o Governo teria condições de cumprir seus compromissos sem maiores problemas (deixaria de receber R$ 3 bilhões a menos anualmente, em moeda atual) e os contribuintes ficariam livres do imposto gradativamente, sem sustos.

É óbvio que não pagar mais nada daqui para frente parece ótimo para o contribuinte. É colocar mais algum dinheirinho no bolso direito .... quanto vai sair do bolso esquerdo ainda não sabemos.

A primeira indagação que fica é se os empresários irão reduzir os preços com a eliminação da CPMF, pois quem paga esse tributo é o consumidor. Alguns se queixavam que, na sua cadeia produtiva, tinham que pagar 5 ou 6 CPMF’s. Isto significa dizer que os preços devem cair mais acentuadamente nesses produtos. Enfim, o dinheiro que ainda é pago através a CPMF vai voltar para o bolso do consumidor ou irá aumentar o lucro das empresas?

Outra premissa defendida por alguns é que com a extinção da CPMF, o povo terá mais dinheiro no bolso e aumentará o consumo. Como a maioria da população brasileira recebe salários baixos, a economia com a CPMF é pequena e, portanto, pouco significará na capacidade de consumir. Aqueles que pagam mais CPMF, pois possuem situação privilegiada, não irão mudar seu padrão de consumo devido a essa receita adicional. Possuem muito mais para gastar, se quiserem, independentemente da CPMF. Portanto, muito pouco mudará no padrão de consumo do brasileiro.

O que me preocupa - e aí espero que a Fiesp/Ciesp atuem com a mesma energia - é que o governo virá com impostos/contribuições adicionais para ajudar a cobrir o “rombo” da CPMF. Se tivermos a tão falada reforma tributária, podem crer que será para aumentar a carga tributária e não para diminuí-la. Mesmo porque os governadores já provaram que são contra a redução de impostos pois também afetará os seus bolsos.

Enfim, encerramos aqui essa série relativa ao assunto “CPMF” para não azedar mais o paladar do povo brasileiro e, especialmente, os contribuintes. Será um ano de muita disputa política, que não sabemos qual será o capítulo final. O presidente Lula parece não estar muito preocupado com o “rombo” (sabe que o dinheiro virá de algum lugar) , pois acaba de anunciar investimentos de US$ 1 bilhão na Bolívia. E assim vamos tocando nossas vidas, na expectativa de que as coisas, um dia, irão melhorar. Que poderemos confiar naqueles que elegemos para nos comandar.

Mas está ficando cada vez mais difícil...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O impacto econômico (2)

Perdida a batalha política no Senado que disse “não” para a prorrogação da CPMF, o presidente Lula tem agora que enfrentar o desafio (pequeno para muitos, pois o governo tem arrecadação em excesso) de viver sem os R$ 40 bilhões orçados para 2008.Como o governo tinha como favas contadas a prorrogação por mais 4 anos do discutido imposto, terá que refazer suas contas rapidamente pois 2008 já está aí batendo na porta.

Diante dessa desagradável surpresa, o que se esperaria de um governo atento às suas despesas, seria ver o presidente Lula reunir a cúpula da sua administração e solicitar estudos urgentes para uma profunda reforma administrativa. Por exemplo, reduzir dos mais de 35 ministérios e secretarias com “status” de ministério, para 15 ou 20 ajustando suas despesas à nova realidade. Se algo nessa linha fosse efetuado, certamente o presidente Lula perderia alguns votos em Brasília, mas ganharia a simpatia e o respeito de uma grande parte da população brasileira. Temos burocracia demais, cargos demais, gente demais, fazendo tudo aquilo que antigamente era feito com menos pessoal.

Entretanto, como Papai Noel não existe o corte de despesas de custeio, se acontecer, será pouco significativo. Está no DNA deste governo não ter muita preocupação com as despesas, pois a receita virá de uma forma ou de outra.

Portanto, o impacto econômico pela perda dos R$ 40 bilhões será muito mais sentido pela sociedade do que pelo próprio governo. Emendas de parlamentares serão cortadas, atraso na liberação de verbas para ministérios, governo e municípios certamente farão parte do cardápio inicial. Novos impostos e/ou contribuições serão criados ou alguns deles, atualmente existentes, terão sua alíquota aumentada. Os projetos de infra-estrutura em andamento sofrerão atrasos, o custo Brasil continuará a ser um grande pesadelo para quem precisa movimentar sua produção. Os empresários - que lutaram arduamente pela extinção da CPMF - serão chamados a dar sua parcela de contribuição nesse esforço de reajuste nas contas do país. Anuncia-se que o “superávit fiscal” para pagamento dos juros da divida interna será mantido, o que nos parece fundamental. Caso o governo, por dificuldades de preencher o buraco deixado pela falta dos R$ 40 bilhões, vier a reduzi-lo será um verdadeiro “tiro no pé”. Seria uma medida condenável interna e, especialmente, externamente, a qual poderia mudar o humor dos investidores com relação ao Brasil. Esse assunto é delicadíssimo, não nos é permitido “fazer política” com ele.

De outro lado, espera-se que a economia continue crescendo, gerando mais receitas para o governo e minimizando o problema. Embora as perspectivas para a economia em 2008 não nos pareça tão atraente quanto o foi em 2007, deveremos continuar crescendo a níveis satisfatórios, apesar da inflação andar nos rondando perigosamente

Como se vê, na ótica de quem esta naquela situação de “pagar para ver”, o que deslumbramos é um ano de 2008 com maiores dificuldades, com o Senado sendo responsabilizado pelo corte abrupto da CPMF (o que eu, particularmente, também condeno). Na minha ótica, uma extinção gradativa, com redução da alíquota anualmente em 0,03%, faria com que dentro de 10 anos estivéssemos com a alíquota de 0,08%, que se transformaria em definitiva, pois daria à Receita Federal o instrumento que precisa para flagrar os sonegadores. Essa seria uma solução econômica viável para contribuintes e governo, que deixaria de arrecadar R$ 3 bilhões por ano, em moeda atual. Como, entretanto, a batalha foi “política”, a ninguém interessava uma proposta de consenso, daqueles que pensam no que é melhor para o país ao invés de colocarem seus interesses particulares e partidários em primeiro lugar. É bom que os “vitoriosos senadores” não se esqueçam que o presidente Fernando H. Cardoso também prorrogou a CPMF, quando o valor era bem menor, pois, segundo ele, “não poderia viver sem aquela receita”. É a tal de “metamorfose ambulante” a qual o presidente Lula se referiu, recentemente.
Sou de opinião, portanto, que o “impacto econômico” da perda da receita da CPMF será difuso, e o governo não perderá oportunidades para apontar culpados quando o dinheiro faltar. A “saúde”, tão falada nesses dias, deverá pagar uma parte da conta, o que é lamentável. Num país pobre como o nosso, investimentos em saúde e educação são essenciais. Em Brasília, entretanto, o “jogo político” vem em primeiro lugar.


Obs. o próximo artigo desta série “CPMF” será publicado 4ª feira neste espaço.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A derrota política (1)

Como primeiro artigo desta série sobre a rejeição da CPMF pelo Senado Federal, não poderiamos deixar de começar pelo - no nosso modo de ver - único fator positivo dessa disputa que se arrastou por meses em Brasília. A derrota política que 34 senadores impuseram ao presidente Lula, foi o fator a ser, teoricamente (mais abaixo explico porque), comemorado pela sociedade. Aquela postura autoritária e de imperador do presidente Lula foi abalada, pois parecia inimaginável que depois da fácil aprovação na Câmara o governo sofreria o revés que sofreu no Senado Federal.

Embora governadores da oposição ( José Serra, Aécio Neves, etc) tenham se posicionado a favor da prorrogação da CPMF pois vislumbravam mais dinheiro para seus estados, os 34 senadores não arredaram pé e foram até o fim.

Na realidade, um ato de heroismo desse grupo de parlamentares que "não estavam à venda por dinheiro nenhum". Queriam a derrota política do presidente Lula, que ele respeitasse e dialogasse mais com o Congresso e deixasse de ser um ser ausente das grandes discussões do país.

Na teoria, tudo perfeito. Lula sofreu sua primeira importante derrota política que custará caro para o governo e para a Nação. Ficou sem os R$ 40 bilhões que já estavam no seu orçamento de 2008 e agora terá, juntamente com sua equipe econômica, de enfrentar o desafio de efetuar um ajuste de contas não previsto. Lula, como sempre, acreditava no seu carisma e no seu suporte popular para vencer qualquer batalha na Câmara e no Senado. Não levou a sério as dificuldades enfrentadas no Senado até os últimos dias e, aí, ficou dificil, ou melhor, impossível reverter a situação.

Portanto, o que se espera é que depois dessa derrota política o presidente Lula mude seu comportamento, dialogue mais com os congressistas, arquive sua postura de imperador. Finalmente o Brasil ganhou, mostrou que temos uma democracia de fato, e as coisas deverão melhorar daqui para frente com cada qual exercendo seu papel.

Isto é o que todos esperam, essa é a teoria de que falei acima mas, eu aqui com meu botões, creio que, na prática, pouco ou nada vai mudar.

Primeiro porque o presidente Lula, vencedor que é, tem seu modo de pensar e agir e não parece que vai recuar no primeiro revés. Foi derrotado três vezes na luta para a presidência da República, mas conseguiu vencer na terceira quando muitos consideravam impossível. Dizia-se, até, que existiam apenas duas verdades em política : a primeira, que Lula seria candidato à presidente da República; a segunda, que ele perderia !

Segundo, por ser uma pessoa que se fez por si só e chegou à presidência da República por méritos próprios face ao seu carisma e sua liderança, não vejo que é agora que irá mudar. Muita coisa será dita para jogar a culpa dos problemas que teremos que enfrentar nos ombros dos 34 senadores que tiveram a coragem de enfrentá-lo.

Last but not least, Lula continua sendo idolatrado pelo povão e na última pesquisa CNI/Ibope a aprovação do seu governo subiu de 63,0% para 65,0% da população brasileira. Só 30,0% (a elite e parte da classe média) desaprovam Lula , como presidente.

Portanto, baseado nesse importante cacífe político, saberá fazer com que essa população que o aprova não seja atingida pela rejeição da CPMF e, se por acaso o fôr, a culpa será da oposição que lhe tirou o pão das maõs.

É pagar para ver. Como o período de "céu de brigadeiro" já havia acabado, as nuvens negras chegaram mais perto de nós e o Governo será colocado à prova do que é capaz de fazer em ambiente desfavorável. Mas, para mim, uma coisa parece certa, Lula continuará sendo o Lula que conhecemos, com agressivos discursos de improviso , tudo aquilo que o povão quer ver e ouvir. Desde que a "bolsa-família" e os programas sociais não sejam afetados ( e eles, dificilmente, o serão) , Lula não será igualmente afetado, para desespero daqueles que tiveram coragem de enfrentá-lo.

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Obs ; o segundo artigo da série será publicado na 2ª feira, dia 17 de dezembro.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A CPMF e suas implicações

Prezados visitantes
A partir de amanhã estarei escrevendo um artigo diário ( por uns 3 ou 4 dias ) analisando/comentando as várias implicações da não aprovação da CPMF pelo Senado. O assunto é importante, tem várias vertentes e pretendo dar meu parecer sobre cada uma delas. Serão comentários de minha inteira responsabilidade, baseados na minha experiência de executivo de uma multinacional e que conviveu longo tempo perto dos governos( exceto do governo Lula, pois já havia me aposentado). O assunto é mais complexo do que parece à primeira vista, creio que foi um êrro econômico a simples não aprovação da prorrogação da CPMF, como também estou convicto de que a prorrogação por mais 4 anos, como queria o Governo, também seria um ato para ser criticado.
É um exercício que farei junto com aqueles que me prestigiam neste espaço e dos/das quais gostaria de obter comentários,críticas ou sugestões depois do término dos artigos ou durante o processo.
Abraços
Alcides Amaral

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O FED na encruzilhada

O FED ( Banco Central Norte-Americano) reduziu ontem a taxa básica de juro em 0,25 pontos percentual, trazendo-a para 4,25% ao ano. O "mercado" não gostou, reagiu mal e derrubou as bolsas de valores. O "mercado" esperava por 0,50 pontos percentual, para dar mais um pequeno alívio na crise imobiliária que afeta o país.
O FED certamente gostaria de fazê-lo, ser mais agressivo e com isso diminuir a tensão existente no mundo todo pelos desdobramentos da "bolha imobiliária".
Entretanto, como responsável que é ( assim como o Copom aqui no Brasil ) pelo controle da inflação, a decisão não poderia ser outra. O aumento do custo da energia e dos commodities é uma realidade que já começa a dar sinais que preocupam e, portanto, a política monetária tem que ser administrada com extrema maestria. A revista inglesa "The Economist" tem como matéria de capa esta semana o seguinte ; "The end of cheap food". Isto é, o período de comida barata está no fim o que vai requerer muito mais atenção e cautela dos bancos centrais do mundo todo.
Portanto, como se vê, o FED está numa encruzilhada. Tem que baratear o custo do crédito e dar mais liquidez ao mercado para que a "crise imobiliária" não se alongue por mais muito tempo. Se , entretanto, assim agir, poderá estar jogando lenha na fogueira da inflação, que ainda não é um problema hoje, mas pode ser no próximo ano. A decisão do presidente Bush - de duas semanas atrás - de congelar os juros do financiamento de mais de um milhão de moradias da categoria "sub-prime", é uma alternativa para evitar a evidente encruzilhada que os condutores do FED se encontram.
Portanto, como já dissemos em comentário anterior, a fase de "céu de brigadeiro" terminou, a volatilidade continuará presente nos mercados e cada um dos investidores tem que pensar bem o que fazer com seu dinheiro para não ter surpresas desagradáveis.
O importante para todos nós é que o FED consiga encontrar seu rumo, mantendo a inflação sob contrôle e não deixando a "bolha imobiliária " levar a economia americana para a recessão. Em 2008 o mundo crescerá menos e a intensidade da queda dependerá do comportamento da economia do Tio Sam.

Citigroup anuncia novo comando

Impactado fortemente pela "bolha imobiliária" americana, o Citigroup não perdeu apenas dinheiro mas também seu , até então CEO (presidente), Charles Prince. Como aparentemente não encontrou ninguém disponível no mercado com capacidade para enfrentar os novos desafios ( reorganizar as finanças, custos, e controles do banco) nomeu dois funcionários do "alto escalão" para tais tarefas.
Vikram Pandit, de origem indiana, foi designado novo CEO e o europeu Win Bischoff passa a ocupar a posição de "Chairman" da grande organização americana. O lado positivo dessas escolhas é que, sendo já altos funcionários do Citi, conhecem bem os problemas e poderão agir mais rapidamente. O lado negativo dessas escolhas - e que está sendo criticado por analistas internacionais - é que tanto um como outro não possuem experiência no "consumer business" (negócios com pessoa física) que representa cerca de 50% dos lucros do banco.
De qualquer forma, agora o Citigroup não é mais uma organização "sem comando" e já para principios de 2008 (ou, até, antes disso) poderemos sentir as ações dessa nova equipe. Por certo o Citi fará corte profundo de despesas, com redução de pessoal, corte de bonus e, possívelmente, não pagamento de dividendos. Como o Citi já havia prometido que iria pagar dividendos este ano, caso mude de postura ( que é salutar para o caixa da organização) o mercado deverá receber essa medida de forma negativa e com desconfiança.
O certo é que o Citigroup é o 2º maior banco do mundo, já passou por problemas semelhantes e piores no passado, e sempre teve forças e suporte para dar a volta por cima. Como a "bolha imobiliária" formou-se pela irresponsabilidade dos banqueiros e pela falta de fiscalização adequada por parte do FED ( Banco Central Norte-Americano) , o problema é de todos eles. O presidente Bush deverá esquecer, por enquanto, dos problemas do Oriente Médio e concentrar seus esforços na arrumação do setor imobiliário americano bem como da economia do país.

domingo, 9 de dezembro de 2007

“Metamorfose ambulante”

Depois de afirmar, alto e bom som, que só os sonegadores e o DEM eram contra a aprovação da prorrogação da CPMF, o presidente Lula surpreendeu a todos que participavam da cerimônia de lançamento do PAC da Saúde na última semana. No seu estilo tradicional de efetuar discursos de improviso, afirmou que não tinha vergonha de dizer que quando do governo Fernando H. Cardoso ele era contrário a prorrogação do CPMF. E foi além dizendo que não se incomoda de ser chamado de “metamorfose ambulante” por ter mudado de opinião. Referiu-se a uma música de Raul Seixas, que trata do tema.

Como diria um amigo meu de infância, toda vez que tomava uma “botinada” no jogo de futebol: “essa doeu”.

Quando o próprio presidente da República assume “não ser um patriota”, pois não vota no que é melhor para o país mas sim o que é melhor para os seus companheiros e seu partido, o que podemos esperar da classe política. Vereadores, deputados e senadores que elegemos passam a ser todos, com algumas exceções, “metamorfoses ambulantes?”. Qual a agenda do dia? O que quer o nosso partido? Não importa que tal posicionamento não seja o melhor para o país? Ora, o que vale mesmo, no fim do dia, é estar surfando na crista da onda.

Pobre Brasil que , infelizmente, precisa do Congresso para fazer o país andar. Pior ainda quando o presidente, que veio do povão e é o líder inconteste desse mesmo povão, auto-intitula-se de “metamorfose ambulante” com uma honestidade de deixar-nos atônitos.Que respeito a classe média e aqueles mais favorecidos (e que entendem um pouco melhor do que acontece ao redor do poder) podem ter por seu presidente quando não sabemos com quem estamos realmente lidando?. Amanhã não poderemos ser surpreendidos com uma outra “metamorfose ambulante” defendendo um 3º mandato, o que tem sido negado até aqui? Qual a garantia que podemos ter - se as coisas ficarem mais difíceis nos próximos meses e anos - de que o Presidente não voltará às suas origens, fazendo renascer a cartilha do PT ?

Quero crer, honestamente, que essa declaração não tenha passado de um equívoco verbal e foi mais uma das frases mal colocadas pelo presidente Lula. O que precisamos hoje é de paz e de um regime democrático cada vez mais fortalecido para podermos almejar um futuro melhor para nossos filhos e netos. O Brasil é um país abençoado, que tem sol, água e terra o que lhe permite vislumbrar um futuro mais promissor e menos desanimador para seu povo. É preciso, pois, que os políticos também entendam essa realidade, auxiliem no processo de desenvolvimento e que nosso presidente, seja ele qual for, nos faça sentir orgulho de ser brasileiro e não nos incline em que transformemo-nos também em “metamorfoses ambulantes”.

Presidente Lula, faça algo tão logo quanto possível para livrar-nos desse mal estar atual, que é de sermos liderados por uma “metamorfose ambulante”.


Essa doeu, demais!

Objetivos deste nosso Blog

Prezados/as visitantes
Gostaria de esclarecer para todos/todas que prestigiam este blog, que nosso objetivo não é ser dono da verdade. Temos nossa opinião, que manifestamos de acordo com nosso consciência (este é o único padrão que nos rege). Isto não quer dizer que nossa opinião é melhor ou pior do que de ninguém. O que pretendemos é colocar claramente como vemos as coisas acontecendo aqui e no mundo e dar espaço para o visitante concordar ou discordar. Solicitamos, entretanto, que sejam discutidos o conteúdo dos artigos, comentários ou notas e não a pessoa ( que sou eu) que escreve tais comentários. Da mesma forma em qualquer eventual crítica será levada em conta o conteúdo recebido e não faz difereça quem escreveu .... todos somos iguais nesse processo. ninguém é melhor do que ninguém.
Queremos prosseguir no nosso trabalho conquistando a simpatia dos que nos lêem pelo conteúdo dos comentários e não pelo fato de ser jornalista formado ou ex-presidente do Citibank. Esta é uma nova etapa da nossa vida, e pretendemos continuar prestando serviços a todos aqueles que nos acompanham.
Grato
Alcides Amaral

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Os bancos e a internet

Só quando me aposentei do Citibank em junho de 2001 fui aprender a lidar, de fato, com a internet. Até aí tinha uma secretária que fazia tudo. Atordoado de ter que ir quase todos os dias aos bancos e enfrentar fila, entrei para a época moderna e, depois de algum tempo, fiquei maravilhado. Aprendi a lidar com a máquina , não preciso sair mais da minha poltrona para efetuar pagamentos, transferências, etc. Tudo era muito prático, fácil e ágil.
De uns tempos para cá, a título de segurança ( e os bancos devem ter rezão para isso ),o processo foi-se complicando, novos códigos de segurança foram sendo criados, cada banco querendo ser mais criativo do que o outro. Tenho tabelinhas numéricas, aguardo meu código via celular, ganhei um chaverinho com mais dois códidos e agora, também, para desbloquear cartão de crédito precisamos de mais um código. A verdade é que trabalhando com apenas dois bancos tenho uns 8 códigos e minha vida está ficando um "nightmare". Para fazer uma transação preciso de 4 códigos diferente e, a qualquer êrro (o que é humano) volta tudo para a estaca zero.Enfim, minha vida com a internet junto aos bancos está ficando extremamente mais difícil a cada dia que passa e meu nível de ansiedade não pára de subir.
Entendo que segurança é preciso, mas é importante que os gênios do "IT" se lembrem que tem alguém do outro ládo da máquina que não pode perder 15 minutos para cada transação.Vamos criar alternativas seguras, mas simples, para o usuário pois , do jeito que vai, daqui a pouco irão faltar números e letras no abecedário para abrigar tantos códigos diferentes.Sei que não sou a única vítima do sistema(já ouvi muita reclamação de amigos)mas estou no meu limite.
Meus ex-colegas banqueiros, help please !
Obrigado, mesmo !

Bush e a "bolha" americana

Aqueles visitantes que tiveram oportunidade de ler o artigo abaixo (As lições da bolha americana) já sabem minha opínião à respeito do que está acontecendo nos Estados Unidos. E sabem , também, quão responsável é o FED em deixar que essa "bolha" fosse criada sem nada fazer. Pois, o FED como Banco Central que é, tem também a responsabilidade de fiscalizar os bancos. Vaí daí, já diziamos naquele artigo que o governo americano é tão responsável quanto banqueiros e/ou bancários que só visavam bonus polpudos no fim do ano por crescerem suas carteiras de crédito e gerar grandes lucros, de curto prazo.

Pois bem, a medida anunciada ontem na TV pelo presidente Bush vem confirmar nossas afirmações. O governo americano não só ajudará (como já vem ajudando os bancos americanos - pelo menos, os grandes ) como também mais de 1,2 milhões de proprietários de imóveis no mercado chamado de "sub-prime" (alto risco). Bush informou à população americana que congelará por 5 anos as taxas de juros dessas hipotecas, desde que o tomador de crédito venha pagando corretamente seus débitos. A medida foi tomada agora pois no começo do próximo ano os juros deveriam ser reajustados e, assim, milhares de proprietários não teriam condições de cumprir com suas obrigações.O Presidente americano disse textualmente ; " Não há solução perfeita, mas os proprietários de casas merecem nossa ajuda. E os passos que apresentei hoje (ontem) são uma resposta sensata a um sério desafio". Portanto , um "méa culpa" mais do que merecido.

Com isso , aqueles que possuem contas em bancos americanos aqui no Brasil, podem ficar tranquilos, pois o "problema" é do FED. Os bancos, seus acionistas e mais prá frente seus funcionários (certamente teremos demissões, especiamente nos Estados Unidos) pagarão parte do prejuizo.E os bancos continuarão tocando suas vidas.

Eis, pois, mais um capítulo da novela "bolha americana" que continuará pelas próximas semanas e meses.O governo americano (incluindo-se aí o FED) nunca foi "tão flexível" e continuará sendo. As taxas de juros americanas cairão na próxima semana e continuaremos a receber mais dólares do que precisamos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Renan é inocente

Por 48 votos contra 29 o Senado absolveu, ontem, em plenário o senador Renan Calheiros. Para que tal acontecesse, o senador leu, sorridente, seu pedido de renuncia à presidência do Senado. Pronto, estava selado o acordo, e porque renunciou passou a ser inocente. Interessantes os critérios utilizados pelo Congresso Nacional. O balcão de negócios funciona em todas as esferas, e todos permanecem felizes. Só o povo, que acreditava que o Congresso estaria lá em Brasília para defender seus interesses , é que fica mais decepcionado a cada dia que passa. Pobre Brasil que tem uma lei para os "poderosos" e outros para os cidadãos comuns. E dizem que isso é democracia....

domingo, 2 de dezembro de 2007

As lições da “bolha americana”

O que está acontecendo hoje nos Estados Unidos e espalhando-se por outros países europeus (Inglaterra, Suíça, Alemanha. etc) é simplesmente inacreditável para alguém, como eu, que trabalhou numa grande corporação financeira americana e conhece os padrões de crédito e controle existentes. Tínhamos limite de risco de crédito por cliente, limites por setores da economia aqui no país, na América Latina e no mundo todo. Cheguei a negar crédito para um dos maiores grupos siderúrgicos do país pois, o limite de crédito para o setor siderúrgico na América Latina, estava tomado. Difícil explicar para o cliente mas fácil de entender para nós que seguíamos rigorosamente a disciplina da organização. Além disso as inspeções de crédito anuais avaliavam não só a situação da carteira de crédito da organização como também se os procedimentos estavam sendo seguidos adequadamente. Sem contar, ainda, com as fiscalizações periódicas do Banco Central que, infelizmente, hoje é mais conhecido como “Copom”.

Portanto, com esse tipo de cultura, não conseguimos entender como e porque estamos vivendo uma “crise de crédito” internacional das mais importantes da história. O que se viu (e ainda se verá) no mercado imobiliário americano foi a quebra ou inobservância de todos os padrões existentes para fazer com que as organizações crescessem seus ativos e gerassem mais lucros (para os acionistas) e bônus para os executivos. Além da irresponsabilidade de quem permitiu que tal acontecesse, onde estavam as auditorias internas e externas e a própria autoridade americana (o FED), que também faz visitas periódicas aos bancos para avaliar como vão as coisas. É inacreditável que todo esse pessoal, teoricamente bem preparado, não tivesse percebido que uma “bolha imobiliária” estava sendo formada e que um dia, certamente, estouraria. È o abandono total dos valores antes existentes em favor da euforia de ganhar dinheiro fácil (muita gente levou bônus polpudos para construir essa verdadeira calamidade). Sim, calamidades também podem ser construídas, e essa da “bolha imobiliária” é uma delas.

O pior de tudo é que o problema que está atingindo gigantes do sistema bancário internacional está longe do fim. A inadimplência arrasta-se para outros setores o que faz com que os bancos busquem empréstimos e capital no mercado para que possam absorver mais prejuízos no futuro próximo. E quando o FED vem a público (como fez Bernanke no fim da última semana) informando que o Banco Central Americano continuará a ser “excepcionalmente alerta e flexível” , ele não faz mais do que sua obrigação. O mercado gostou do que ouviu, reagiu bem. Entretanto, para quem viveu sua vida dentro de um desses grandes bancos internacionais e já conviveu com outras crises no passado, essa manifestação da autoridade americana não é novidade alguma. O FED não pode deixar que um desses grandes bancos torne-se inadimplente, pois o efeito “cascata” seria irreversível. O FED já está atento desde o começo da crise, e como faz parte dela (falhou grosseiramente na supervisão) tem a obrigação de ajudar a resolvê-la com mais dinheiro ou redução na taxa de juros. Uma quebra no sistema americano levaria o sistema financeiro global de roldão.

Que lições podemos tirar de tudo isso no Brasil. Felizmente a situação aqui é diferente, o sistema financeiro está sólido, crescendo e gerando lucros. Aparentemente não há bolhas escondidas por aí, embora os financiamentos de autos estejam excessivamente flexíveis e podem dar dor de cabeça no futuro.

O cuidado que temos que ter daqui para frente - e essa é a grande lição, no meu modo de ver - é a necessidade dos bancos cresceram agressivamente no próximo ano para atender as perspectivas de lucros geradas quando da abertura de capital. Além de todos os bancos estarem buscando crescimento nas suas carteiras de crédito (o que é bom para o desenvolvimento do país) , aqueles que abriram capital recentemente têm grande responsabilidade com seus novos acionistas. Portanto, vamos continuar mantendo os dois pés no chão e não afrouxar nos padrões de crédito para poder crescer. A disciplina de crédito deve ser mantida, as auditorias efetuarem seu trabalho de avaliação dos riscos e dos controles, e a própria autoridade (o Banco Central do Brasil) não esquecer de suas responsabilidades de também ser agente fiscalizador.

Com toda essa crise mundo afora, nossa economia vai indo relativamente bem, e as perspectivas são de que os “países emergentes” serão os menos afetados em 2008. Uma recessão nos Estados Unidos certamente criaria problemas para todo o mundo, mas nós podemos tirar algumas vantagens pois “é nas crises que geram as grandes oportunidades”. Basta não cometermos os mesmos erros e entender que a fase de “céu de brigadeiro” já se foi em 2007.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A guerra da CPMF

A CPMF que deveria ser um fato econômico, transformou-se numa aguerrida batalha política. Todos sabem que a oposição (no Senado) continua dizendo que não quer a renovação da CPMF para ir ganhando tempo e pressionar o governo Lula a fazer mais concessões. Pois se a discussão passar para 2008, aquilo que for aprovado só poderá ser implementado 90 dias após. Seria uma perda de receita substancial.

Essa possibilidade (e a enventual rejeição à CPMF pura e simplesmente) vem fazendo o Governo perder o contrôle. Durante a semana o ministro Mantega veio a público para dizer que se a CPMF não for prorrogada "novos impostos" cobrirão os R$ 40 bilhões perdidos. Em momento algum o ministro fala em "apertar os cintos" e reduzir as despesas o que faria qualquer empresa que perdesse receitas e tivesse que equilibrar seu caixa.

Ontem foi a vez do conhecido Lula (duro e raivoso) vir à TV para dizer que "quem teme a CPMF é sonegador".Como quem deve aprovar ou não a prorrogação da CPMF são os senadores, a declaração de Lula implica em acreditar que entre os Senadores da oposição há "sonegadores". Os sonegadores que de fato existem por esse Brasil afora, estão assistindo a discussão de camarote, visto que não fazem parte do processo. Aos empresários, que Lula também colocou como eventual sonegadores,a afirmação (ou insinuação) não faz sentido algum. Pois o empresário paga a CPMF para o banco(que transfere para o Governo) mas adiciona o valor pago no preço final dos produtos. Isto é, quem paga CPMF no Brasil é o consumidor pessoa física e nada mais.

Vamos ver até onde vai essa "batalha" política. Se , desta feita, o Senado joga realmente duro , não aprova a renovação da CPMF e deixa o Governo com problemas a resolver em 2008 ou, como quase sempre acontece, termina em "pizza". Um pouco mais de dinheiro aqui, cargos alí, e tudo fica em paz, com a conta ficando para o contribuinte.

Triste país este em que vivemos, onde temos um governo que só olha a linha de receitas (controlar ou cortar despesas não é com ele) e com políticos que ficam fazendo o "jogo político" que melhor interessa a eles próprios e aos seus partidos.Quando é que daremos um basta à esta situação ?

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

LULA ; uma no cravo e outra na ferradura

Presidente Lula
Ontem tive oportunidade de assistir a um seu pronunciamento pela televisão que me deixou bastante animado. Se aquilo que o Sr. prometeu de fato acontecer, passarei a ser um seu novo admirador . Quando falava da reforma tributária que será enviada ao Congresso, o Sr. disse que não repetirá o êrro do passado quando a não aprovação da reforma tributária ficou como sendo por culpa do seu governo. Ontem o Sr. afirmou, com todas as letras, que se a reforma tributária não for aprovada desta vez, o Sr. vira á público para dizer quem foi o deputado, o prefeito,o ministro, o governador , enfim, nominará todos aqueles políticos que impossibilitaram a aprovação da reforma tributária (se tal vier a acontecer).
É isso o que o povo - e principalmente - a classe média quer do Sr. Que os políticos passem a ser responsabilizados pelos seus atos, publicamente.
Estarei, assim como milhões de brasileiros, torcendo para ver a aprovação da reforma tributária ( tão necessária para nosso país) ou quem foram os políticos que impediram que tal acontecesse. Na sua última tentativa, os governadores foram os grandes responsáveis pela reforma não sair, isto todo mundo sabe .Pois até descer a rampa do Palácio êles o fizeram, abraçados uns aos outros.
Enquanto meu coração fica cheio de esperanças para começar a ver um novo Brasil, não poderia , também,de deixar de dirigir-me ao Sr. com certa indignação por informações publicadas pela revista Veja neste domingo. Entre outros, a revista afirma na coluna Radar : "segundo assessores graduados de Lula, por puro preconceito a classe média "tradicional" estaria incomodada com a classe média "emergente", surgida neste governo. Isso explica a demagógica frase que Lula disse dias atrás ; TODA VEZ QUE A GENTE TENTA AJUDAR OS POBRES APARECE UMA CIUMEIRA".
Senhor presidente Lula, tais afirmações além de não condizerem com a realidade machucam o coração de grande parte da "classe média tradicional" que muito faz por este país para minorar o sofrimento daqueles menos previligiados. Nós dessa classe média - e pode colocar "milhões" quando falo em "nós" - colaboramos individualmente com creches, asilos, hospitais, casas de saúde, etc para que tais entidades de apoio aos mais carentes possam sobreviver, pois não há dinheiro do governo para cobrir todas essas necessidades. Bancos e empresas também dedicam trabalho e recursos financeiros para a mesma finalidade. Inúmeras ONG's no país fazem o mesmo tipo de trabalho, graças a dedicação da população e as contribuições desses hoje mais previlegiados, que têm como ajudar. Com qualquer pessoa que o Sr. fôr falar dessa "classe média tradicional", pergunte a ele ou ela, por favor, o que fazem pelo país, com seu trabalho ou seu dinheiro, para que os doentes e menos favorecidos tenham condições de sonhar com uma vida melhor. Todos estamos satisfeitos com o programa "fome zero" e jamais vi alguem da classe média com os quais convivo se queixar que também "não leva algum do governo". A crítica, às vezes, é de que o governo "dá o peixe ao invés de ensinar a pescar", mas entendemos que é difícil fazer tudo de uma vez.
Portanto, senhor presidente Lula, ajudar os pobres é uma missão de milhões de pessoas deste país de quem temos de nos orgulhar."Ciumeira" podemos ter em não ter acesso ou a comodidade do "Aéro Lula", mas jamais por vermos um pobre subir na vida. Eu mesmo senhor Presidente, Alcides Amaral, sou de origem humilde. Meu paí era um dedicadíssimo trabalhador que entregava leite de porta em porta na Vila Pompéia, aqui em São Paulo. Graças a ajuda da minha Mãe pude estudar(em escola publica pois não tinha como pagar escola particular) e Deus me deu a oportunidade de ser alguém na vida, assim como Ele fez com o Sr. Portanto, só tenho a agradeceer a oportunidade de estudar e trabalhar e construir uma família que hoje é minha razão de ser.
Fico triste e desapontado quando vejo o senhor Presidente acreditar que a "classe média tradicional" tem ciumeira pois a vida do povo está melhorando. Se essa fosse a realidade este país não teria mais jeito, mesmo que tivessemos dez presidentes iguais ao Sr. para nos comandar e dirigir.
Se há políticos que tem "ciumeira" do seu sucesso com o "povão", então, por favor, dirija-se a eles. Nós da classe média que trabalhamos para construir família e, dentro da possibilidade de cada um, ajudar os menos favorecidos, temos que ser respeitados.
Tenho orgulho de ser brasileiro, vou continuar lutando, dentro das minhas possibilidades, por um futuro cada vez melhor para este país, pois tenho filhos e netos que aqui estão crescendo e que aqui estão construindo suas famílias. Creio que essa não é apenas a minha verdade, mais a de milhões de brasileiros do bem.

Hoje teremos novidades

Depois de dois dias ausente ( a vida está difícil para todo mundo ) hoje estou de volta e mais tarde com um comentário enderreçado ao presidente Lula que creio que não devem perdê-lo. Por enquanto gostaria de desejar bom dia a todos e recomendar que leiam o comentário do Gabriel ( que vive nos Estados Unidos ) sobre meu artigo "O que esperar dos EUA em 2008". É curto mas bastante interessante. Pretendemos explorá-lo um pouco mais. Quanto à "bolha imobiliária", todos vimos pelos jornais que os mercados se acalmaram ontem pela noíticia de dinheiro árabe ( US$ 7,5 bi) no Citigroup. O assunto, entretanto, não termina por aqui . Tem muita coisa ainda a acontecer nos Estados Unidos (inclusive com os bancos) que terão ainda de amargar importantes prejuizos nos próximos trimestres. Voltaremos ao assunto com mais informações mas, por enquanto, "please, no panic".
Até mais tarde.

domingo, 25 de novembro de 2007

O que esperar dos EUA em 2008

Desde meus tempos de presidente do Citibank S/A, toda vez que ia para a Europa (mais especificamente Suíça) e conversava com nossos economistas sobre a economia norte-americana, o que ouvia era, geralmente, bem diferente daquilo que ouvia quando em New York. Havia um contraste de opiniões, às vezes, significativo que me deixavam confuso. Em qual cenário acreditar ? O cenário dos europeus ou dos próprios norte-americanos ? Problema insolúvel e parece-me mais preocupante com relação ao ano de 2008.

Não há dúvidas - de lado a lado - que o mundo crescerá menos em 2008, mais por culpa da “crise imobiliária” americana do que da “velha” e adormecida Europa. Os países do sudeste asiático, China e até os emergentes (incluindo-se América Latina) serão um espécie de “salvadores da pátria” para que o PIB mundial não sofra tanto no próximo ano.

Os norte-americanos estão preocupados com a situação do seu país. Dependendo dos analistas dos principais bancos comerciais e de investimento, o temor é maior ou um pouco menor, mas ninguém fala em recessão. Falam sim em recessão do setor imobiliário que continuará a colocar pressão no crescimento da economia. O problema se alastrará para mais alguns setores mas , aqueles mais otimistas, acreditam que “a confiança do consumidor” continua elevada , o dólar fraco favorecerá as exportações norte-americanas e a inflação está sob controle. Os prejuízos oriundos dos empréstimos “sub prime” foram apenas parcialmente reconhecidos pelas instituições financeiras (cerca de US$ 42 bilhões) o que fará com que os próximos três trimestres sejam difíceis. Há, entretanto, o próprio analista norte-americano menos otimista que informa que os prejuízos do “sub prime” são superiores a US$ 100 bilhões e terão que ser absorvidos pelo sistema financeiro. A verdade é que ninguém sabe exatamente qual o “tamanho” do problema e como as instituições financeiras reagirão para buscar novas receitas. O custo do crédito nos Estados Unidos já aumentou consideravelmente, os padrões de concessão de crédito hoje são muito mais “duros”, significando menos perdas mas ,também, menos receitas.

Ainda na ótica dos analistas norte-americanos, há os mais otimistas - Merrill Lynch, entre eles - que acreditam que o FED estará atento, as taxas de juros serão reduzidas em mais 50 ou 100 “basis points” nos próximos trimestres chegando até fim de 2009 a apenas 2,0% ao ano. A economia crescerá pouco e o risco da inflação, embora existente, não deverá criar problemas maiores. Portanto, quando o FED reduz a previsão da expansão dos EUA em 2008 de 2,75% para 2,5% parece que, mesmo para o norte-americanos, o Fed “está torcendo” para que isso aconteça.

Do lado europeu , como já dissemos, o cenário á ainda mais complicado ... e bota complicado nisso. A análise fria diz que os Estados Unidos estarão em recessão em 2008, a produção e a oferta de mão de obra serão reduzidas. Tudo por causa da “implosão” do mercado imobiliário. A revista inglesa, The Economist, é dura ao afirmar que “as boas notícias estão perto do fim. A crise do mercado imobiliário entrará numa segunda, mais perigosa fase. Os preços dos imóveis cairão mais aceleradamente, afetando a saúde financeira dos proprietários e paralelamente o comportamento do consumidor”. A revista vai além afirmando que “o resultado é provavelmente os EUA enfrentarem pela primeira vez, em quase 20 anos, a queda da sua economia ser originada pelos consumidores”.

Diante desse cenário, os EUA não crescerão mais do que 2,0% no próximo ano pois o problema de crédito (hoje restrito ao crédito imobiliário) poderá afetar a área de cartão de crédito, outros créditos para consumidores e , inclusive, o crédito por atacado. O Deutsche Bank estima que o valor total por prejuízos com os empréstimos “sub-prime” chegará à casa dos US$ 400 bilhões , dos quais US$ 130 bilhões pertencentes aos bancos. Alguns bancos possuem capital suficiente para absorver perdas adicionais - essa afirmação é minha - mas não resta dúvidas que se tais previsões forem verdadeiras, o FED terá muito trabalho em 2008 para manter o sistema financeiro norte-americano sob controle.

O que nos sobra de positivo nesse quadro negro e confuso, é que há uma espécie de consenso de que grande parte dos países emergentes sentirão o impacto da redução do crescimento econômico mundial em menor escala. Será um ano de desafio, inclusive para nós, mas tudo indica que os emergentes , desta feita, não serão a causa dos problemas mas , sim, poderão se beneficiar, de alguma maneira, dessa situação constrangedora. Mas esse é outro capítulo que fica para os próximos dias.

Portanto, o que esperar dos EUA em 2008. Difícil prever. Isto nos obriga a “apertar os cintos” pois a era de “céu de brigadeiro” chegou ao fim. E torcer para que os europeus estejam errados n as suas análises, o que será menos ruim para todos nós.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Lembrando Juca de Oliveira

Na coluna de hoje da Mônica Bergamo ( Folha) , temos uma pequena notícia que não podemos esquecer. Enquanto o brilhante autor e ator Juca de Oliveira tem que inventar situações para mostrar as mazelas dos poderosos e políticos, agora a sra. Maria Christina Mendes Caldeira, ex-esposa de Valdemar Costa Neto (que foi presidente do PL) está envolvida numa peça teatral que pretende estrear em agosto de 2008, pouco antes das eleições. O título - A Mala da Ex-Mulher -é por si só sugestivo. Se a sra. Mendes Caldeira realmente decidir "abrir a mala" teremos mais um prato cheio do que aconteceu em Brasília na época do "mensalão".Será certamente um espetáculo teatral de grande êxito de bilheteria, pois é a única chance que o povo tem para rir dos políticos. Porque , no dia a dia, só rolam lágrimas...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A arte de votar

Embora o Dia de Ação de Graças dos americanos tenha dado um pouco de sossego para nosso mercado ( na realidade um espelho do que acontece lá fora), as notícias por aqui na política continuaram correndo soltas. O Renan Calheiros continua licenciado e usando todas as artimanhas possíveis para não ser cassado. O PMDB agora ameaça ser independente, isto é, desligar-se do governo Lula. Dá par acreditar num PMDB independente depois do seu passado de um partido que servia ( e ainda serve) de suporte para alguém ( algum partido ) que oferece mais vantagens ? O Mares Guia aparentemente foi vitima do "mensalão mineiro".E por aí vai... a política no Brasil continua sendo um caso "sério", isto é, muitas vezes de polícia.
Portanto , vale neste final de dia mais uma das frases do ilustre brasileiro, Barão de Itararé, que dizia há,pelo menos, uns 40 an0s : "O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato."
Até amanhã.

Paz por um dia

Como hoje é dia do maior feriado americano (mais celebrado do que o próprio Natal), teremos paz por um dia, pelo menos no que diz respeito às notícias originadas na terra do Tio Sam. Se o mercado ontem assustou-se com a previsão do FED, que prevê que o PIB americano crescerá apenas 2,5% em 2008 ao invés dos 2,75% previstos, ficará mais assustado ainda quando outras previsões forem sendo colocadas oficialmente, especialmente quando elas são originadas em países europeus. À propósito, no nosso artigo de fundo da próxima semana, tentaremos efetuar uma análise da economia americana para 2008, considerando-se a visão européia e a americana e eventuais impactos na América Latina. Nada científico - pois economia não é ciência exata e também não somos economistas - mas que deverá traçar cenários para discussões.
Até lá, entretanto, mais notícias e/ou comentários estarão à disposição dos visitantes que nos prestigiam.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Ainda a "crise imobiliária"

Mais um dia de mercado volátil (isto, é altos e baixos que só os "experts" sabem explicar) dado o problema da "bolha imobiliária" dos Estados Unidos.Como "ninguém é de ferro" vale mencionar uma das frases famosas do Barão de Itararé, que é a seguinte : " O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro." Desta vez, infelizmente, êle errou pois o que se viu nos Estados Unidos foi exatamente o contrário : os bancos emprestando dinheiro sem saber para quem e porque mostrando um nível de incompetência poucas vezes visto no sistema financeiro(e ignorando os ensinamentos do nosso ilustre barão).
Ah , já sei porque os "gringos" trocaram as bolas ... o competente e inteligentíssimo Barão de Itararé, que nos deixou em 1971, escrevia em português....

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Citigroup ; "no panic"

Várias pessoas entraram em contato comigo para tentar saber o que está acontecendo com o Citigroup/Citibank e o que deveriam fazer. Embora minhas palavras fossem de conforto, decidi manter contato com um "senior" do Citigroup em NY e um "vice-presidente" da Merrill Lynch, também de NY.

Após uma longa conversa, podemos resumir a situação da seguinte maneira :
-o Citigroup sofreu o impacto do sub-prime e outras tansações ligadas ao mercado imobiliário e talvez tenha que efetuar mais uma provisão de crédito de cerca de US$ 10 bilhões no 4º trimestre ;
-paralelamente o Citigroup possue várias outras atividades que estão dando lucro (cartão de crédito, negócios com pessoas juridicas, franchise internacional etc) que farão com que a provisão não pese muito no balanço do banco. O 4º trimestre possue boas chances de terminar com lucro, apesar da provisão mencionada;
-o Citigroup anunciou para o mercado que pagará os dividendos normalmente , pois a caixa do banco não foi afetada ;
-para provar que o Citrigroup continua tendo crédito no mercado, em 2 dias foram vendidas pelo banco "prefered shares" no valor de US 1 bilhão ao custo de 7,875% ao ano. O custo foi um pouco alto mas o Citigroup pode recomprar esses papéis a qualquer momento. O investidor que quizer fazê-lo terá que vender o papel a custo de mercado e, dependendo das taxas vigorantes e a situação do banco, ganhar ou perder dinheiro. Minha aposta é que o Citigroup recomprará esse papel em alguns anos, quando a tormenta passar e as taxas de juros cairem;
-durante os próximos 3 trimestres (até meados do ano que vem) a situação dos bancos americanos ( e, obviamente, do Citigroup também) continuará sendo afetada pela volatilidade do mercado. Mais algumas provisões de crédito provavelmente deverão ser efetuadas até que o mercado volte a normalidade;
- nunca devemos esquecer que o Citigroup tem um Net Worth (capital) superior a US$ 120 bilhões, portanto, com bastante fôlego para enfrentar esses desafios:
- o grande problema pendente é a falta de liderança no banco, pois o novo "presidente" ainda não foi contratado. Temos uma pessoa vinda da Europa agindo como CEO e trabalhndo junto de Robert Rubin, cuja experiência não precisamos comentar;
-finalmente, há interlocutores no mercado internacional dizendo que está chegando a hora de comprar ações de alguns bancos que foram muito afetados. Estão"baratas" e devem reagir com os ajustes dos bancos.

Portanto, o objetivo deste comentário é afirmar para os visitantes deste blog e leitores em geral que "there is no panic", isto é, não há pânico algum. Podem ficar tranquilos com relação a estabiliade do banco e continuarem operando normalmente com o Citigroup/Citibank. Crises como essa já foram enfrentadas e superadas e tão logo o problema de liderança tiver sido definido o cenário começará a mudar.

Como ex-citibankense que fui fico triste em ver a organização passando por mais essa fase difícil mas estou confiante que a marca "Citigroup/Citibank" é forte o suficiente para nos deixar dormir tranquilos pois quem não dorme é o banco ..."The Citi Never Sleeps".

Reforma tributária

Um famoso ex-ministro costumava dizer ; "não se iluda meu filho, toda vez que o governo fala em reforma tributária é para aumentar impostos e não para diminuir".

Creio que, desta feita, êle estará errado. O projeto de reforma tributária que o presidente Lula promete enviar ao Congresso até o dia 30 não deverá aumentar impostos, pois já chegamos no límite da tolerância (e do bolso). Mas como o presidente já antecipa que o projeto não será o "ideal" mas "fáctivel e possível", já podemos antecipar que será um projeto de "mentirinha". Não por culpa exclusiva do presidente Lula (a boa intenção está mostrada no envio do projeto) mas pelos fatos.

Muitos haverão de lembrar que no seu 1º mandatato, o Presidente também trabalhou na reforma tributária, que foi derrubada pelos governadores. Foram TODOS à Brasília, desceram a rampa com o Presidente para fazer pressão para o Congresso NÃO aprovar a reforma tributária. Pois, quando se efetua uma reforma tributária de fato, alguém tem que ceder para que a soma dos tributos possa ser menor. Só que a União, Estados e Munícipios não estão muito dispostos a "perder" as receitas que já possuem.

Vejam o caso da CPMF. O presidente Lula afirma que o governo não pode viver sem esse imposto e os governadores querem, caso seja prorrogado, obter uma fatia desse bolo. Portanto, estão buscando mais receitas para fazer frente às suas despesas, que é a única coisa que cresce no Brasil, com certeza.

Paralelamente, a maioria dos Estados não cumpre a Lei Fiscal e , pelo menos, 16 deles gasta mais com pessoal do que o permitido. O que fazer ?

Diante desse quadro, acreditar que teremos uma reforma tributária para aliviar o bolso do consumidor é acreditar em "Papai Noel". Este é um comentário que gostaria de podeer retratar-me mais para frente, pois a reforma "deu resultado". Mas calejado como estamos com relação a tudo o que acontece em Brasília, só nos resta aguardar e torcer para que eu venha a ter uma grande surpresa (redução real de impostos ) e que o famoso ministro esteja bem errado nas suas antigas e tradicionais afirmações.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Citigroup ladeira abaixo

O banco de investimentos Goldman Sachs emitiu comunicado hoje recomendando SELL (venda) das ações do Citigroup. As ações do Citi já cairam 40% este ano e apesar da provisão de crédito de US$ 11 bilhões já efetuada, o banco de investimentos acredita que teremos mais prejuizos aí pela frente provenientes da carteira de crédito (inclusive sub-prime e "off balance sheet"). Certamente o Citi errou totalmente a mão na administração da sua carteira de crédito (a "cultura" de crédito sempre foi forte no Citi ...) e , quando tal acontece, não tem perdão. O que mais entristece a mim, que efetuei carreira de 46 anos no Citi e tudo que tenho devo ao banco, é vê-lo nessa situação e o Goldman Sachs considerar-se mais pessimista por "falta de liderança". O Citi que sempre foi um banco que se diferenciou pela sua liderança tanto no mercado interno quando externo (solução do problema da dívida externa dos países em desenvolvimento), passa agora por essa situação constrangedora de não ter na sua equipe alguém que claramente pode resolver ou encaminhar a solução dos problemas do banco.Quem não se lembra de John Reed e William Rhodes além do saudoso Mario Henrique Simonsen no Conselho ? Robert Rubin, ex-secretário do Tesouro, é hoje o homem forte do Conselho de Administração, mas o president e(CEO) é interino e os "boatos" são de que o Citi estaria procurando alguém no mercado. Vamos torcer para que os problemas sejam resolvidos embora com um custo maior para seus acionistas. Gostaria de estar lá para poder ajudar (pelo menos esclareceendo a opinião pública do que está sendo feito para enfrentar os desafios) mas minha vez já passou e os tempos são outros.

O “fantasma” está de volta ?

No fim da década de 90 quando Fernando H. Cardoso era presidente e Pedro Malan o ministro da Fazenda , as conversas que tínhamos em New York eram interessantes. Vivíamos crises internacionais atrás de crises internacionais, até que a crise chegou ao Brasil no fim de 1988 e começo de 1999. Com o conhecimento que tínhamos, como presidente do Citibank, dos governantes brasileiros, tinhamos a certeza de que eles iriam cumprir os contratos da dívida externa recém assinada, que não haveria calote interno e que as dificuldades iriam ser superadas sem “surpresas” desagradáveis.

Diante de nossa firme posição de continuar apoiando o Brasil mesmo depois da desvalorização do câmbio em 1999, os “seniors” de New York sempre nos indagavam ; o que acontecerá com o Brasil quando tiver um governo de esquerda? As regras e os contratos serão honrados, ou teremos uma outra Argentina ?

Era uma pergunta difícil de responder pois o discurso do PT no país era “contra tudo que está aí”. O temor ficou evidente quando, em meados de 2002, Lula subiu nas pesquisas e o dólar chegou a quase R$ 4,00 . Era o “fantasma” de termos um governo de esquerda. Ninguém poderia imaginar o que iria acontecer.

Quando Lula assumiu o poder e deu continuidade ao Plano Real , o país acalmou. O dólar voltou rapidamente pois o “fantasma” desaparecera. Tínhamos um governo de “esquerda” e o Brasil continuava nos trilhos.

Vivemos um período de tranqüilidade com relação a continuidade do modelo econômico, o Brasil crescendo, os menos favorecidos felizes com o governo Lula. Tudo ia bem até que recentemente iniciaram-se os “boatos” com relação a um 3º mandato do presidente Lula, prontamente desmentido por ele. No começo deste mês o jornalista Boris Casoy escreveu, entre outros, na sua coluna do JB que “ao mesmo tempo surge um parlamentar petista, Devanir Ribeiro, copa e cozinha de Lula, e, num ato de “desobediência” ao amigo e ao patrão, lança a idéia de um terceiro mandato para nosso ilustre presidente”. Mais adiante afirma ainda que “Não tenham duvidas. Está no ar um processo golpista como nunca se viu antes neste país “.

O assunto - terceiro mandato - começou a fazer parte das discussões políticas até que na última quarta-feira o presidente Lula saiu em defesa de Hugo Chaves, afirmando que o presidente venezuelano não pode ser atacado por falta de democracia. Não bastasse, voltou a defender o presidente venezuelano das críticas por querer permanecer no poder no 3º mandato, cujo texto faz parte de reforma constitucional que será submetida a referendo popular em 15 dias. Isto é, Lula abraça todas as idéias e planos de Chávez de permanecer no poder o tempo que quiser.,

Enfim , estamos vivendo uma fase de transformação na América Latina e que começa a chegar perto de nós. O que Chávez realmente busca é uma espécie de “ditadura” em forma de lei, e o nosso presidente Lula parece concordar com esse modelo. Será que o “fantasma” de um governo de esquerda voltou de novo ao nosso país ? É simplesmente defesa a um amigo ou o apego ao poder esta fazendo com que nosso presidente queira também usufruir das delícias de Brasília por mais tempo ?

O que preocupa, na realidade, não é uma mudança constitucional que daria poderes ao presidente para um 3º mandato. O que nos deixa com um pé atrás ( ou com os dois, se possível ) é o porquê desse eventual interesse ? Para continuar fazendo exatamente o mesmo ? Parece que não. Seria a oportunidade de colocar em prática a velha ambição do PT de permanecer 20 anos como governo?

Vamos , pois, colocar as “barbas de molho” e ficar atentos aos movimentos futuros do PT e do presidente Lula . Seria um desastre para a economia se o “fantasma” voltasse novamente a nos assustar. O povo deste país não merece enfrentar nova crise gerada por nós mesmos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Ações dos bancos americanos

Embora já tenha informado ontem que o problema não tem nada a ver com a dimensão que o Estadão deu na sua manchete de 2ª feira, queria simplesmente passar para os leitores o final de relatório recebido hoje da M.Lynch, que é o seguinte : "Em resumo, as implicações de colocar os ativos "nível 3" a mercado para as ações dos bancos já foram sentidas e o "dead-line" do dia 15 de Novembro não é aplicável a esses bancos."

Portanto, nada de novo "desastre" nos lucros dos grandes bancos americanos, mas a volatilidade do mercado vai continuar. As ações do Citigroup que ontem, durante a hora do almoço ,estavam subindo 5,0%, fecharam o dia com um ganho de apenas 1,5%.

De tudo isso, insisto, valeu a lição. Crédito é um negócio sério, os bancos americanos ignoraram o crescimento da "bolha imobiliária" e tiveram que pagar a conta. Um dos erros do Citigroup foi colocar um advogado como CEO. Fez excelente trabalho em tentar colocar a casa em ordem depois dos problemas da World Com,Parmalat, Enron, etc., mas aparentemente não deu atenção devida ao crédito pois não é sua especialidade. Mas o banco irá continuar sendo uma das maiores forças do mundo, pois possue uma "rede de agências" mundo afora e uma "cesta de produtos" que continuará crescendo e gerando lucro para a corporação e seus acionistas. Mas para quem foi citibankense como eu fui, dói ver tanto "mismanagement" .

Vamos virar esta página e nos ater aos problemas locais, que não são poucos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ainda os bancos americanos

A Merrill Lynch acaba de emitir relatório sobre os resultados do 3º trimestre do Bank of America e projeções para o futuro. Como se sabe o BofA possue um total de "sub-prime" de US$ 14,9 bilhões, divididos em 3 categorias. Devido esse volume de ativos com problemas (que variam por categoria), a Merrill Lynch projeta um lucro por ação pela metade do que estava previamente estimado mas, mesmo assim, mantem a BUY opinion. Isto é, recomenda o papel para compra pois já sofreu bastante; o preço hoje está por volta de US$ 43 a ação e o "price objective" é US 52,00.

Portanto, na medida que mais informaçõe surgem a respeito dos problemas dos bancos americanos , a situação parece acalmar-se. É um problema legítimo, deve ser acompanhado com cuidado, para aqueles mais audaciosos talvez uma boa oportunidade de compra das ações desses bancos, mas a lição não pode ser esquecida.

Seria bom que todos (bancos e investidores) que foram atrás de papéis de baixa qualidade pelo retorno apresentado tivessem algum prejuizo, pois isto talvez ajudasse os bancos a serem mais cuidadosos na aprovação de crédito. Aprovar crédito é muito fácil, o difícil, na maioria das vezes, é cobrar.

A não ser que tenhamos fatos novos, cremos que o assunto está, por ora, esgotado.

Prejuizos com bancos americanos

O assunto levantado hoje pela imprensa com relação ao ajuste a preço de mercado dos ativos "nível 3" (todos os ativos dos bancos) é mais complexo do que parece. Certamente novos prejuizos deverão ser absorvidos pelos bancos americanos - possivelmente , também, alemães, ingleses, etc - mas o valor ainda é incerto e depende de inúmeras variáveis. Já alguns bancos se anteciparam, efetivaram ajustes e anunciaram prejuizos. Estão, portanto, mais confortáveis pois o impacto final será menor. Há outros que não fizeram o ajuste dos ativos "nível 3" e poderão ter que efetuar provisões maiores nos próximos dias.

Embora a notícia fosse bombástica ( pelo menos aqui no Brasil, pelo Estadão) e certmente na Ásia onde as bolsas caiam acentuadamente pela manhã, o impacto no mercado americano foi diferente. Como os 3 grandes bancos americanos ( Citigroup, J.P. Morgan e Bank of America ) assinaram compromisso de formar um fundo de US$ 80 bilhões para dar liquidez a esses titulos, o mercado acalmou. Na hora do almoço, as ações desses bancos subiam na Bolsa de NY. O mercado americano acredita que com esse fundo os titulos terão liquidez e, por consequência, seu valor de mercado será elevado. Portanto, bancos que já efetuaram provisões - a maioria deles o fez - estão mais tranquilos. O interessante desse processo é que o mercado está menos preocupado com bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley, pois embora tenham concentração maior nos ativos "nível 3" , já efetuaram provisões. Portanto,embora até o final desta semana todos tenham que efetuar tal ajuste no balanço, a verdade é que muitos já o fizeram e se tiver que haver complementação, o mundo não vai acabar.

As autoridades americanas - SEC e secretário do Tesouro - estão atentas aos problemas e acompanhando de perto o desenrolar dos fatos. A tendência não é colocar dinheiro público para aumentar o fundo ou socorrer bancos, pois isso precisaria de aprovação do Congresso, o que é um processo mais complicado.

Vamos ouvir falar mais sobre o assunto e continua mais do que nunca, valendo a lição; aquêles que ignoram os padrões de crédito para crescer e dar mais lucros, na maioria das vezes têm surpresas bem desagradáveis.

Crise tira até US$ 60 bilhões de bancos americanos

A manchete do jornal O Estado de São Paulo de hoje não deixa dúvidas que a situação dos bancos americanos continua complicada. Entretanto, se as perdas adicionais serão US$ 20 bi ou US$ 60 bi ainda ninguém sabe. O jornal informa que até 5ª feira a decisão precisa ser tomada, mas como hoje é feriado em NY não é possível confirmar.Em conversa que mantive com NY na última 6ª feira sobre esse assunto, me foi informado que, naquele momento, era impossível quantificar o valor dos "ativos nivel 3" ( esse é o problema), pois não havia mercado para esses ativos. Ninguém compra tais papéis, ninguém vende, portanto é impossível quantificá-los. De acordo com o " Financial Accounting Standards Board Statement 157" , as instituições financeiras podem contabilizar ativos a "nivel 3" quando o mercado não consegue, eficientemente, precificar esses ativos . Se o mercado é "eficiente" é uma decisão que o banco pode tomar; Em outras palavras, quando os ativos são "nível 3", os bancos podem efetivamente estabelecer o valor de tais ativos de acordo com seu próprio julgamento.


Os valores de ativos "nivel 3" são gigantescos em relação ao patrimônio dos bancos, e dependendo da decisão tomada (creio eu que a autoridade americana deverá estabelecer algum parametro, embora essa não seja a norma) os prejuizos serão gigantescos. Há banco de investimentos, por exemplo, que possue ativos "nível 3" superior seu patrimônio em 2,5 vezes.


É um assunto sério, que precisamos entender melhor antes de tecer comentários irresponsáveis e divulgar nome dos bancos com tais problemas. Esperamos voltar ao assunto amanhã, quando pudermos obter mais informações de NY. Por enquanto é aguardar que os mercados reajam mal a essa notícia, o que demonstra que o problema da "bolha imobiliária" dos Estados Unidos ainda não tem dia para terminar e nem quem serão os grandes perdedores. A verdade é que os presidentes da Merrill Lynch e do Citigroup já perderam seus cargos devido a essa concentração indevida num negócio de alto risco. Esqueceram dos padrões de crédito e, quando tal acontece, é dor de cabeça na certa.

Tem fumaça no ar !

O anuncio na 5ª feira da nova descoberta de petróleo na Bacia de Santos veio em boa hora, pois estávamos realmente precisando de boas notícias. Dependendo da nossa capacidade de investimentos e avanços tecnológicos visto que o petróleo e gás ficam abaixo de uma extensa camada de sal ( com o que não lidamos até agora ).Tendo êxito, ao redor da Copa do Mundo de 2014 estaremos aumentando nossa capacidade de produzir e exportar o “ouro negro” , passando a ocupar a 12ª posição no ranking mundial, logo abaixo dos Estados Unidos.

A euforia foi grande e merecida ( embora alguns afirmem que é notícia requentada ), mas a partir de agora voltamos aos nossos problemas do dia-a-dia que nos causam , por enquanto, uma ponta de preocupação. Temos fumaça no ar, que pode ser um cigarro aceso jogado ao acaso, ou o início de algo maior, mais preocupante.

A maioria concorda que o Brasil vai indo bem, crescendo, pois o mundo igualmente cresce e nos empurra para frente. A China ajuda com suas importações de commodities e os investidores inundam o país de dólares pois as oportunidades de ganho (empresas baratas, juros altos,estabilidade econômica, política e fiscal, etc.) são grandes. O problema é que no dia em que algumas dessas variáveis mudarem, o dinheiro vai embora na mesma velocidade que entrou.

Inicialmente, e talvez mais importante, são as perspectivas para a economia norte-americana. O presidente do FED afirmou no final da semana que o crescimento obtido até aqui não deverá se repetir no 4º trimestre assim como no 1º semestre de 2008.O problema do crédito imobiliário, ainda de acordo com Bernanke, se prolongará por mais algum tempo e a inflação vem sofrendo pressão indesejável. Alem disso os problemas com os bancos norte-americanos ainda não terminaram pois devem vir mais surpresas por aí. Como se vê é um quadro obscuro, e com os EUA andando de lado o mundo - talvez, com exceção da China - fará o mesmo. Assim, nosso principal motor - o crescimento mundial - pouco nos ajudará.

Não bastasse, o FMI faz duro alerta com relação aos gastos públicos do nosso governo. Segundo o Fundo, “o Brasil tem ainda um longo caminho pela frente em termos de melhora da sua situação fiscal”. Isto é, gasta mais do que deveria, o que faz com que a relação da divida pública e o PIB ainda seja bastante elevada.

Seguindo o mesmo caminho do Governo Federal , a maioria dos Estados estão deixando de cumprir a Lei Fiscal . Nada menos do que 16 estados gastam com pessoal mais do que a lei permite e, mais uma vez, nada acontece. O governo federal não corta suas despesas, e deixa de punir os estados que desobedecem a lei ( não esquecer que a Lei da Responsabilidade Fiscal foi um dos maiores avanços conseguidos até aqui). Para piorar ainda um pouco mais esse cenário fiscal, o Senado ameaça não aprovar a CPMF o que seria uma perda significativa de receita ( cerca de R$ 42 bilhões ) em 2008. As negociações continuam , os tucanos efetuaram um “laundry list” de 16 itens para que o governo cumpra em troca dos votos necessários, mas o certo é que essa negociação vai se arrastar ainda por algum tempo. Não é uma discussão econômica e sim uma batalha política. O que a oposição e as lideranças empresariais querem é impor uma derrota política ao presidente Lula.

Como o presidente Lula pretende fazer do etanol seu grande trunfo de curto prazo, temos barreiras sérias a enfrentar. Plantar cana, construir usinas e produzir o etanol sabemos fazer, e muito bem. O problema começa a existir quando temos que transportar o produto para o porto. Dentre 150 países analisados pelo Banco Mundial,o Brasil ficou em 61º lugar em ranking de logística comercial. Isto é, “enfrenta dificuldades para transportar mercadorias dentro do país e enviá-las para o exterior”.

Portanto, temos muito o que fazer para que a “fumaça” não seja apenas de um cigarro jogado irresponsavelmente no chão. Precisamos redesenhar o país, reduzir nossas fragilidades. Caso contrário o presidente Lula terá muitos motivos para reações acaloradas , como a da última semana quando questionado sobre o apagão do gás.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Lula reage como nos velhos tempos

Aquele presidente Lula tranquilo, risonho, mais na base "paz e amor" voltou ontem para seu temperamento agressivo, explosivo, que não gostamos de ver na TV. Revoltado com os insistentes comentários com relação a falta de gás, problemas futuros de energia etc., fez valer seu poder de comunicação que deve ter deixado o povão satisfeito. Mas demonstrou, claramente, que a nossa preocupação não é em vão, o presidente também começa a ser afetado com os "apagões" aéreos, do gás e, creio eu, pela batalha no Senado com relação a CPMF. A negociação está mais difícil do que parecia , os dias vão passando, e a tensão vai aumentando. Há uma "batalha" política em jogo - os R$ 40 bilhões envolvidos são uma consequência - sem data para terminar.

Como parece que ninguém em Brasília quer propor uma proposta conciliadora, levando em conta os interesses dos contribuintes, os próximos dias e semanas serão ricos em novos acontecimentos.

Portanto, que o presidente Lula esteja preparado para enfrentar essa nova realidade, pois na minha maneira de ver o futuro não parece tão roseo quanto o passado recente.
Voltaremos a esse assunto no nosso artigo de domingo do JB, e 2ª feira na Gazeta Mercantil e neste espaço.

O perigo chinês

Enquanto que diariamente temos notícias ruins ou contraditórias vindas dos Estados Unidos, lá do outro lado do mundo, na China, a história parece ser bem diferente. Grandes bancos norte-americanos estão com sérios problemas ( e não irão parar por aí ), a economia está ameaçando fraquejar e já há quem diga que os próximos trimestres o crescimento será baixissimo, muito mais perto de 1% do que dos 3,9% do terceiro trimestre recém findo. É um cenário que preocupa pois, queiram ou não, os Estados Unidos continuam sendo a locomotiva do mundo . O dólar em queda possibilita maiores exportações , o que causa algum alívio com relação ao emprego para os americanos.

Lá na China, entretanto, a situação é bem diferente. De acordo com a revista The Economist, o anuncio , em fins de Outubro,de que o Industrial and Commerial Bank of China compraria 20%do Standard Bank , no Africa do Sul, por US$5,6 bilhões , é um bom exemplo da nova estratégia de investimento da China. Com tais aquisições os chineses estão subindo calculados degraus em sua estratégia de longo prazo. Até recentemente as aquisições fora da China geralmente envolviam a obtenção da maioria das ações das companhias de petróleo, gás e commodities em mercados em desenvolvimento. De 2004 para cá os investimentos estão aumentando progressivamente e graças ao extraordinário volume de reservas internacionais ( acima de US$ 1,4 trilhões) em alguns anos a China estará espalhada pelo mundo todo.

Cuidado, pois, com o "inimigo" chines. Nossa balança comercial com eles ja está negativa e a tendência, com o real supervalorizado que temos, é a diferença aumentar.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

CPMF ; situação complica-se

Com a decisão do PSDB em não negociar mais a prorrogação da CPMF ( querem muito mais do que o Governo está oferecendo), a situação complica-se para o presidente Lula.Temos dois perigos à vista ; o 1º é a prorrogação não ser aprovada pelas duas casas ( Câmara e Senado) até o fim do ano, o que fará que o governo perderá receitas no próximo ano. Isto porque, caso a prorrogação seja aprovada em 2008, terá que obedecer uma carência obrigatória de 90 dias para que ela possa ser cobrada novamente. Na melhor das hipoteses para o Governo, perderia 25% da receita anual de 2008.

Caso, entretanto, a prorrogação não seja aprovada ( as classes empresarias continuam batendo firme nessa tecla ) , aí o governo Lula terá que "encontrar" R$ 40 bilhões em outro lugar para cumprir seu orçamento. Como é um governo gastador , teremos problemas para cumprir com as regras da responsabilidade fiscal, um dos pilares da estabilidade economica pela qual passamos. A repercussão no exterior será grande ( problema fiscal novament à vista ? ) e o quadro de bonança a nosso favor pode modificar-se . Nunca devemos esquecer que se os investidores internacionais ficarem desconfiados ou preocupados com o que acontece aqui dentro em termos de estabilidade fiscal e econômica, na mesma velocidade que os dólares entraram êles voltam para seus países de origen. Portanto, é bom o Banco Central ir acumulando reservas enquanto a maré é favorável.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Evo Morales, please help !

Ainda está bem claro na memória de todos nós o dia em que o presidente de Bolívia, Evo Morales, estatizou a Petrobrás, definiu condições de pagamentos e novo preço para o gás. Nosso governo ficou revoltado, missões foram lá discutir o assunto mas, no fim, nada adiantou. O "ditador" boliviano fez o que queria e ponto.

Como Deus não tem ajudado o Brasil ( será que merecemos ser ajudados ? ) com as chuvas necessárias, algumas termoelétricas estão com problemas e a alternativa é supri-las com gás. Como não temos gás suficiente, cortamos alguns setores para que a energia não seja afetada. Pobre daquele taxista que comprou carro movido a gás ... teve que tirar férias em época errada.

Na falta de solução de curto prazo aqui no nosso território, lá vai o presidente Lula para a Bolivia no dia 12 de Dezembro negociar novos investimentos da Petrobras para que venhamos a ter a quantidade de gás necessária para movimentar nosso país, hoje em fase de crescimento.

O problema é que negociar com Morales não tem alguma validade juridica. Quem garante que dentro de alguns anos ele não tome a mesma medida e ficaremos novamente na mão. Temos que começar a escolher nossos parceiros e "amigos" pois não dá para confiar em Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales. O que será da Argentina nesse novo contexto ninguém sabe ainda dizer..

Portanto, nos resta agora pedir que Deus seja novamente benevolente com o Brasil e faça com que a chuva, até aqui ausente, volte a resolver nossos problemas. Como dizem que Deus é brasileiro , a esperança é a última que morre. Pois se dependermos de nossos governantes, teremos surpresas atrás de surpresas daqui para frente.

Portanto, Evo Morales, please, "help us this time, again".

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Citigroup muda comando em New York

Conforme já era previsto pelo mercado o sr. Charles Prince, presidente do Citigroup e também presidente do Conselho de Administração, não suportou as críticas pelas perdas enormes da corporação em sua carteira de crédito ligado ao mercado imobiliário (fala-sem em US$ 11 bilhões ) e renunciou, neste domingo a ambos os cargos. As ações do banco já não vinham tendo boa performance e, com os prejuizos anunciados, as quedas foram significativas.

O Conselho de Administração do banco decidiu, em reunião de emergência, anunciar o sr. Robert Rubin, que já fazia parte do Conselho da instituição, para assumir o posto. Novo presidente interino foi designado, mas o fato é que o Citigroup ja´não possúe um quadro de estrelas na sua administração como acontecia no passado.

O sr. Robert Rubin, que é ex-secretário do Tesouro norte-americano, esteve aqui no Brasil em 2000, quando o Citigroup completava 85 anos de Brasil. Tive a oportunidade de conviver com êle alguns poucos dias, pois além de reuniões internas, participou de um jantar comemorativo com clientes e viagem a Brasília para falar com o presidente Fernando H. Cardoso. É um homem extremamente capaz, responsável pelo que fala e faz e com pleno conhecimento da economia americana e mundial. Homem de forte personalidade que, esperamos, reincorporará no Citigroup a disciplina de concessão de crédito, que sempre foi a marca forte do banco e que, nos últimos tempos, sofreu abalos significativos.

É uma situação difícil que o Citigroup está passando e ainda irá passar, mas não temos dúvidas que com novo comando, saberá como superar os problemas. Segundo maior banco do mundo em ativos e primeiro em números de países onde opera, o Citigroup possue uma marca forte em qualquer parte do mundo.

Nossa expectativa - de ex- funcionário e presidente do Citibank S/A aqui no Brasil - é que o sr. Robert Rubin recoloque o Citi na posição de liderança que sempre ocupou.

CPMF , a voz do contribuinte !

Durante a aprovação da prorrogação da CPMF na Câmara dos Deputados o que se viu foi uma negociação acalorada entre Governo Federal e deputados da oposição para que o tributo fosse prorrogado por mais 4 anos. As bases são as mesmas (0,38% sobre a movimentação financeira do contribuinte) o que, fatalmente, tornará o tributo permanente pois os valores envolvidos em 2011 serão bem maiores do que os R$ 38 bilhões atuais. Foi uma festa em liberação de emendas e distribuição de cargos públicos aos senhores deputados para que o Governo obtivesse os votos necessários. Em momento algum, repito, em momento algum, o “contribuinte” foi lembrado. Ficamos, passivamente, assistindo a festa pela televisão enquanto nossos representantes satisfaziam seus interesses pessoais.

Com a ida do projeto para o Senado, as coisas ficaram mais difíceis para o Governo. Além de possuir minoria naquela casa, a oposição adotou a postura de “empurrar com a barriga” as negociações pois quanto mais perto do fim do ano chegamos, a situação fica mais crítica para o Governo. Se a CPMF for aprovada até fim de dezembro, já possue validade a partir de 2 de janeiro de 2008. Se, por caso, a aprovação ultrapassar dia 31 de dezembro de 2007, a validade do que for aprovado só acontecerá 3 meses após. Isto é, o Governo perderia um quarto dos impostos previstos para 2008. Desastre total para Lula e companhia.

Não é por outra razão que vemos diariamente o Governo trazer uma nova proposta de como atender os interesses dos senadores e governadores. Coisas absurdas são cogitadas - estabelecer limite por salário do contribuinte, por ex. - como se os bancos tivessem condições de prestar tal serviço ao Governo. O Sistema Bancário teria que fazer recadastramento de todos seus clientes para poder apurar qual o salário de cada um deles HOJE pois, por força dos aumentos espontâneos ou aqueles negociados com o Sindicado , AMANHÃ o salário já pode ser diferente.Outra colocação de algumas autoridades de Brasília, é incluir a prorrogação da CPMF no bojo da reforma tributária. Pior cenário possível não há, pois a reforma tributária - como deve ser efetuada - não aconteceu no 1º mandato do presidente Lula e não acontecerá neste segundo mandato também.

O que chama a atenção é que a “voz do contribuinte”, aquele que paga a conta, foi novamente ignorada. Os “defensores” do povo continuam ignorando os interesses daqueles que os elegeram. Daí sugerirmos que a FIESP, FIERJ OAB e outras organizações de classe se juntem à proposta do “contribuinte”, escalonando o imposto por 10 anos, com alíquota reduzida em 0,03% a cada ano, a partir de 2008. Assim, chegaríamos em 2017, quando a CPMF se tornaria definitiva, com a alíquota de 0,08%, para atender os interesses legítimos da Receita Federal de “flagrar” aqueles que burlam impostos.

Foi uma surpresa ler nos jornais de 6ª feira que os ministros Paulo Bernardo e Guido Mantega já estão efetuando alguns comentários nessa linha. O ministro Paulo Bernardo afirmou na Comissão de Constituição e Justiça que “eu defendo que a CPMF seja permanente, com redução das alíquotas”. Disse ainda que “manter o tributo é importante para o combate à sonegação” além de “gerar alguma arrecadação”. Já o ministro Mantega afirmou que “não vejo a possibilidade de extinção desse tributo em quatro anos.O que podemos é vislumbrar desoneração ao longo dos anos”.

Tais declarações soam como violino para nós que temos defendido exatamente o escalonamento por 10 anos. O governo deixaria de arrecadar anualmente R$ 3 bilhões (na moeda atual) , o que nos parece perfeitamente exeqüível para um país que tem um uma dívida interna superior a R$ 1,2 bilhões e que vê sua arrecadação elevada anualmente pelo crescimento da economia e pelo aumento da carga tributária. Neste ano de 2007, de acordo com o economista Amir Khair, a carga tributária deverá passar de 34,23% do PIB para 35,36% , sendo que a União abocanhará 87,2% desse aumento.

Parece-nos, pois, que estamos perto de um acordo, desta vez com a participação do “contribuinte”. Não veremos a CPMF ser extinta em 2008, mas teremos certeza que dentro de 10 anos ela será uma página virada na vida do povo brasileiro.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Entrevista na Radio Bandeirantes

Conforme programado, estive ontem pela manhã no estúdio da Radio Bandeirantes para participar do programa Gente, comandado do José Paulo de Andrade, Joelmir Beting e Salomão Esper. Foi um bate-papo agradável e mais agradável ainda rever os amigos da Band, onde trabalhei há 6 anos.

Consegui expor com clareza a proposta da "voz do contribuinte" com relação a prorrogação da CPMF e o resultado parece ter sido bastante positivo. Recebi e-mails de felicitações, a Rádio Bandeirantes recebeu outros mas a supresa mais alentadora lí no Estadão de hoje, dia 2/11.Vou transcrever apenas a chamada de 1ª página, que para mim é bastante positiva. Eis o texto :

"GOVERNO JÁ DEFENDE A CPMF PERMANENTE

Ficou clara a intenção do governo federal em transformar a CPMF em imposto permanente.O ministro do Planejamento , Paulo Bernardo, defendeu, ontem, no Congresso , a permanência do tributo "com redução das alíquotas". Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse não ser possível o tributo ser extinto em quatro anos : "Podemos vislumbrar desoneração ao longo dos anos".

Tais colocações são um indício de mudança de posição o que vai melhor esclarecido no nosso artigo deste domingo no Jornal do Brasil e 2ª feira na Gazeta Mercantil. Assim , aqueles visitantes que quiserem entender porque estamos um pouco mais otimistas, favor ler o artigo " CPMF, a voz do contribuinte" , aqui neste espaço, na 2ª feira, dia 5/11.

Bom final de semana !

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Radio Bandeirantes

No dia 1ª de novembro, próxima 5ª feira, a partir das 8,30 horas da manhã, estarei pessoalmente nos estudios da Radio Bandeirates para debater com os experientes e capacitados José Paulo de Andrade, Salomon Esper e Joelmir Beting a prorrogação da CPMF. Estarei lá revendo os amigos e defendendo a "voz do contribuinte" nas negociações que estão acontecendo em Brasília. A oportunidade que a Band está me oferecendo é única, pois o programa Gente é o mais ouvido na parte da manhã. Teremos, assim, oportunidade de colocarmos nosso plano para um número considerável de ouvintes daquela tradicional emissora.

Desde já agradeço os amigos da Band pela oportunidade e convido aos visitantes deste blog a sintonizarem os 840 dos seus rádios logo cedo. Precisamos de parcerias para que a "voz do contribuintes" ( que é a nossa voz, a voz do povo) precisa ser ouvida nessa negociação da CPMF, pois somos nós quem pagamos a conta.
Até lá !

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O “inimigo” chinês

“A China é um bom parceiro que faz a gente ficar 24 horas com palitinho no olho para não dormir, se não o bicho pega”.

Quando li esse comentário do presidente Lula nos jornais de 6ª feira senti-me um pouco mais aliviado. Embora a percepção existente é a de que o Presidente faz discursos e viaja, este não é o caso. Parabéns ao Lula que está vendo o que acontece ao redor do mundo e de onde pode vir o perigo. A “crise imobiliária” norte-americana está nas páginas dos jornais, mas a China, até agora, era tida como a “grande companheira” do Brasil. Continua sendo importante, é óbvio , mas o “inimigo” chinês pode nos criar problemas mas cedo do que imaginamos.

Em agosto deste ano a China foi o país que mais exportou no mundo, ultrapassando Alemanha e Estados Unidos. É verdade que agosto é mês de férias no hemisfério norte, mas ninguém pode negar que o fato é significativo pois os chineses exportaram nada menos do que US$ 111,4 bilhões no mês.

A concorrência da China fez com que o Brasil vendesse US$ 1 bilhão a menos para os Estados Unidos. Enquanto em 2005 participamos com 1,5% das importações norte-americanas e a China com 14,6% , em 2006 caímos para 1,4% do que o Tio Sam importa enquanto a China cresceu para 15,6%. E as perspectivas para o futuro são sombrias, conforme previsto pelo presidente Lula.

Como conseqüência desse modelo agressivo de exportações ( preços baixos, qualidade por vezes duvidosa, câmbio fixo e desvalorizado em relação às demais moedas etc) a China está, nos últimos 12 meses, com um superávit comercial de cerca de US$ 245,0 bilhões enquanto nós aqui no Brasil estamos na casa dos US$ 43,0 bilhões. E o acumulo de reservas internacionais cresce vertiginosamente, pois hoje a China possue, nada menos, do que US$ 1,43 trilhões investido em títulos.

Diante desses fatos, o que nos causa mais preocupação é a relação comercial entre o Brasil e a China. Nossas exportações passaram de US$ 5,5 bilhões - de janeiro a agosto de 2006 - para US$ 7,2 no mesmo período em 2007. Enquanto isso a China passou de US$ 4,8 bilhões em 2006 ( mesmo período) para US$ 7,5 em 2007. Isto é , hoje importamos mais da China do que exportamos. E ainda assim graças , especialmente , a duas “commodities” que representam mais de 50% das nossas exportações. Os “minérios de ferro e seus concentrados” são nosso principal item de exportação para o grande país asiático, com US$ 2,4 bilhões, seguido da “soja triturada” com US$ 2,2 bilhões. (sempre de janeiro a agosto). Dos doze principais itens de exportações brasileiras, a China aparece entre os primeiros dez maiores compradores apenas quatro vezes, todos produtos relacionados a categoria de “commodities”.

E para colocar um pouco mais de lenha na fogueira ( ou mais palitinho no olho, como recomenda o presidente Lula), um fato novo que passa a ter dimensões que começa a preocupar, é a “exportação” de inflação por parte da China. Até cinco meses atrás a China exportava “deflação”, o que era muito bom para os países importadores. A partir de Maio deste ano, os produtos exportados começaram a ter preços elevados uma vez que a inflação chinesa anda pela casa dos 6,0% ao ano (muito alto para os padrões mundiais). Os Estados Unidos, grande comprador chinês, já está pagando 1,6% a mais nos produtos importados e ninguém sabe, ao certo, até onde vai essa ( hoje ainda pequena) espiral inflacionária.

Diante dessa realidade, a última coisa que devemos fazer é tentar competir com a China nos principais produtos que ela exporta. É perda de tempo e prejuízo, na certa. A alternativa é continuarmos a ampliar nosso mercado exportador e abrir o leque de produtos exportáveis. Ganhos de produtividade são imprescindíveis e melhoria da qualidade é sempre um “plus”.

O que falta e foge do controle dos empresários, é o governo redefinir sua política cambial ( se é que temos alguma) , para fazer com que nosso “real” seja mais competitivo para os exportadores e não apenas uma moeda (aliada a alta taxa de juro local) que gera lucros fabulosos para os especuladores.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A imprensa e a CPMF

Como jornalista formado que sou estou envergonhado com a postura da imprensa brasileira (escrita, falada e televisada) com relação ao episódio CPMF. Limitam-se a comentar as vegonhosas tratativas que ocorrem em Brasília, encarecendo ainda mais o país, sem nehuma contestação. O fato das "exigências" do PSDB chegarem a perto de R$ 8 bilhões, é mero detalhe. Ningúem está preocupado com o contribuinte, aquele que paga a conta. Por enquanto, a única voz discordante públicamente foi a do presidetne da CNBB, Com Geraldo Lyrio Rocha, que criticou o governo em negociar cargos e liberar emendas e vai além afirmando que "a política transforma-se em espetáculo deprimente". A Folha noticiou e mais nada. Também a Folha colocou entre aspas o comentário de Romero Jucá "Vamos apresentar um cardápio de possibilidades ao PSDB" bem como do senador Arthur Virgilio "Vamos ver o que o governo vai apresentar. Não vamos comprar terreno na lua." Como se vê, tudo farinha do mesmo saco. Ninguém se preocupa com o contribuinte que continuará a pagar o imposto enquanto a festa continua em Brasília. Estou buscando parcerias ( parece que conseguirei uma de peso) para tentar fazer prevalecer os interesses do contribuinte. Pois essa turma toda lá de Brasília - presidente da República, ministro Mantega, deputados federais, senadores - além dos governadores só pensam nos seus interesses e todos esqueceram que por trás de tudo está o contribuinte, que os elegeram. Esqueceram que vivemos numa democrácia (será que vivemos mesmo ? onde está a voz do povo os interesses do povo ?) Não importa qual nosso regime atual mas minha luta continua. Não vou desistir pois acredito nas palavras de São Francisco de Assis; "FAÇA O NECESSÁRIO, DEPOIS O POSSÍVEL E, DE REPENTE, VOCÊ ESTARÁ FAZENDO O IMPOSSÍVEL."

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

CPMF ; a voz do contribuinte

E-mail enviado ontem ao jornal O Estado de São Paulo e que, infelizmente, não foi publicado ( o que já era esperado). O que queria é que os visitantes soubessem é que vamos empenhar todos nossos esforços para que o "contribuinte" seja ouvido nessa "negociação" da CPMF. O texto enviado ao jornal foi :"Como contribuinte, que paga CPMF, exijo que seja ouvido nessa discussão da prorrogação desse imposto indevido. Tenho experiência de ter vivido o Plano Brady, estou certo de que posso contribuir para a solução definitiva da CPMF num prazo de 10 anos , que é o que o contribuinte quer uma vez que simplesmente extingui-lo agora é impossível. O contribuinte é quem paga a conta e toda a festa é feita sem sua participação. Exigimos democracia, isto é, a participação do povo nas decisões que lhe afeta".

O que se lê hoje nos jornais é que o presidente Lula aceita reduzir a alíquota de 0,38% para 0,30% escalonadamente. E o que propomos é exatamente esse linha, só que a interrupção se daria quando a alíquota chegasse a 0,080%, para atender os interesses da Receita Federal.Estamos abrindo novas frentes para discutir e defender nosso posicionamento, e precisamos de todo apoio possível dos "contribuintes". Se algum órgão de imprensa quiser conhecer em detalhes a proposta que temos para prorrogação da CPMF, basta contatar-nos.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Lula e a CPMF

Diante das dificuldades da negociação da CPMF no Senado Federal, o presidente Lula parece que caiu na realidade e mandou sua "tropa de choque" negociar a alíquota do imposto. Como esta alternativa parece que não passava pela cabeça do presidente ( Lula queria simplesmente renovação como está, até 2010), parece que não existe estratégia correta do que e como negociar. Se os Líderes Empresariais mudarem também sua posição ( extinção já da CPMF ) e buscarem negociação, há grande chance de chegarmos a um denominador comum que resolve o problema da CPMF para sempre. Escalonar por 10 anos, com redução da alíquota em 0,03%cada ano , chegando em 2017 com 0,08% que ficaria assim para sempre para atender os interesses da Receita Federal. Continuaremos batendo nessa tecla até que meu computador fique gasto e não responda mais meus comandos.