segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

As novas crias do mundo financeiro

O reinício das atividades do meu blog não poderia ser mais constrangedor, mas tenho que fazê-lo. Tenho poucos amigos e creio não ter inimigos, mas quando vejo um colega - no caso William Rhodes, famoso mundialmente por ser o renegociador da dívida externa de países com dificuldades - ser ironicamente mencionado pelo sr. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil, em artigo escrito para a revista Época, não posso calar-me.

Tentando esclarecer os fatos, enviei correspondência para a revista solicitando que publicasse meus comentários, o que já não aconteceu na edição que saiu hoje, sábado de carnaval, com data de 4/2/08. Certamente o tempo foi curto, o texto longo, mas espero que na próxima edição a revista Época faça justiça ao citibankense que no ano passado comemorou 50 anos de trabalho na organização.

Para que os visitantes saibam do que estou falando, segue o texto que enviei por e-mail no dia 31/1/08 à redação da revista Época, a saber :

“Prezados Senhores

Na revista Época do dia 28 de janeiro, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, escreveu artigo sobre “As novas crias do mundo financeiro”. Tudo perfeito, até que no final afirma que se tivéssemos nosso “Fundo Soberano de Riqueza” seria favorável a compra de ações do Citibank “com a recomendação de que nosso simpático velho conhecido Bill Rhodes fosse designado para cobrar hipotecas inadimplentes”. Como ex-citibankense que sou e acompanhei tudo o que aconteceu no front externo do Brasil de 70 para cá, considero essa ironia descabida e provocativa. Em primeiro lugar, se não tivéssemos o velho Bill o acordo da divida externa sob os auspícios do Plano Brady nunca sairia e a divida externa brasileira ainda estaria por aí. Ele pode ser muito exigente e persistente, mas lutou muito, com o apoio do John Reed, para que o Brasil efetuasse o acordo sem a participação do Fundo Monetário Internacional, que era exigência dos bancos europeus, asiáticos e assim por diante. O México e a Argentina para efetuarem o mesmo acordo precisaram da participação do FMI. A crise atual do Citi deve ser criticada, pois foi muita incompetência da cúpula da organização. Mas o Bill Rhodes tem responsabilidades em outras áreas, junto a governos, bancos centrais e organismos internacionais como o sr. Gustavo Franco sabe muito bem. Finalizando, se tivéssemos o articulista como presidente do Banco Central, o Brasil não teria chance de ter o FSRs pois, em 1998, ele com sua política cambial errônea (câmbio controlado pelo BC) deixou o Brasil perder US$ 40 bilhões de reservas internacionais e só não “quebrou” pois contou com a ajuda do FMI e governos de países do primeiro mundo. Vai dai, ao invés de fazer ironia ao Bill Rhodes, o sr. Gustavo Franco deveria tirar o chapéu para ele por ser elemento decisivo para que a divida externa brasileira deixasse de ser um problema.

É isso que gostaria que fosse publicado. Entretanto, se os srs. considerarem o texto longo demais e quiserem dar espaço para que eu escreva um artigo a respeito , posso fazê-lo com melhor embasamento.
Grato pela atenção.
Alcides Amaral
Jornalista e ex-presidente do Citibank S/A”


Por enquanto é só. Depois do Carnaval voltaremos à ativa e, se possível, com assuntos mais agradáveis e de maior interesse dos visitantes deste espaço.

Bom Carnaval.