segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Citigroup muda comando em New York

Conforme já era previsto pelo mercado o sr. Charles Prince, presidente do Citigroup e também presidente do Conselho de Administração, não suportou as críticas pelas perdas enormes da corporação em sua carteira de crédito ligado ao mercado imobiliário (fala-sem em US$ 11 bilhões ) e renunciou, neste domingo a ambos os cargos. As ações do banco já não vinham tendo boa performance e, com os prejuizos anunciados, as quedas foram significativas.

O Conselho de Administração do banco decidiu, em reunião de emergência, anunciar o sr. Robert Rubin, que já fazia parte do Conselho da instituição, para assumir o posto. Novo presidente interino foi designado, mas o fato é que o Citigroup ja´não possúe um quadro de estrelas na sua administração como acontecia no passado.

O sr. Robert Rubin, que é ex-secretário do Tesouro norte-americano, esteve aqui no Brasil em 2000, quando o Citigroup completava 85 anos de Brasil. Tive a oportunidade de conviver com êle alguns poucos dias, pois além de reuniões internas, participou de um jantar comemorativo com clientes e viagem a Brasília para falar com o presidente Fernando H. Cardoso. É um homem extremamente capaz, responsável pelo que fala e faz e com pleno conhecimento da economia americana e mundial. Homem de forte personalidade que, esperamos, reincorporará no Citigroup a disciplina de concessão de crédito, que sempre foi a marca forte do banco e que, nos últimos tempos, sofreu abalos significativos.

É uma situação difícil que o Citigroup está passando e ainda irá passar, mas não temos dúvidas que com novo comando, saberá como superar os problemas. Segundo maior banco do mundo em ativos e primeiro em números de países onde opera, o Citigroup possue uma marca forte em qualquer parte do mundo.

Nossa expectativa - de ex- funcionário e presidente do Citibank S/A aqui no Brasil - é que o sr. Robert Rubin recoloque o Citi na posição de liderança que sempre ocupou.

CPMF , a voz do contribuinte !

Durante a aprovação da prorrogação da CPMF na Câmara dos Deputados o que se viu foi uma negociação acalorada entre Governo Federal e deputados da oposição para que o tributo fosse prorrogado por mais 4 anos. As bases são as mesmas (0,38% sobre a movimentação financeira do contribuinte) o que, fatalmente, tornará o tributo permanente pois os valores envolvidos em 2011 serão bem maiores do que os R$ 38 bilhões atuais. Foi uma festa em liberação de emendas e distribuição de cargos públicos aos senhores deputados para que o Governo obtivesse os votos necessários. Em momento algum, repito, em momento algum, o “contribuinte” foi lembrado. Ficamos, passivamente, assistindo a festa pela televisão enquanto nossos representantes satisfaziam seus interesses pessoais.

Com a ida do projeto para o Senado, as coisas ficaram mais difíceis para o Governo. Além de possuir minoria naquela casa, a oposição adotou a postura de “empurrar com a barriga” as negociações pois quanto mais perto do fim do ano chegamos, a situação fica mais crítica para o Governo. Se a CPMF for aprovada até fim de dezembro, já possue validade a partir de 2 de janeiro de 2008. Se, por caso, a aprovação ultrapassar dia 31 de dezembro de 2007, a validade do que for aprovado só acontecerá 3 meses após. Isto é, o Governo perderia um quarto dos impostos previstos para 2008. Desastre total para Lula e companhia.

Não é por outra razão que vemos diariamente o Governo trazer uma nova proposta de como atender os interesses dos senadores e governadores. Coisas absurdas são cogitadas - estabelecer limite por salário do contribuinte, por ex. - como se os bancos tivessem condições de prestar tal serviço ao Governo. O Sistema Bancário teria que fazer recadastramento de todos seus clientes para poder apurar qual o salário de cada um deles HOJE pois, por força dos aumentos espontâneos ou aqueles negociados com o Sindicado , AMANHÃ o salário já pode ser diferente.Outra colocação de algumas autoridades de Brasília, é incluir a prorrogação da CPMF no bojo da reforma tributária. Pior cenário possível não há, pois a reforma tributária - como deve ser efetuada - não aconteceu no 1º mandato do presidente Lula e não acontecerá neste segundo mandato também.

O que chama a atenção é que a “voz do contribuinte”, aquele que paga a conta, foi novamente ignorada. Os “defensores” do povo continuam ignorando os interesses daqueles que os elegeram. Daí sugerirmos que a FIESP, FIERJ OAB e outras organizações de classe se juntem à proposta do “contribuinte”, escalonando o imposto por 10 anos, com alíquota reduzida em 0,03% a cada ano, a partir de 2008. Assim, chegaríamos em 2017, quando a CPMF se tornaria definitiva, com a alíquota de 0,08%, para atender os interesses legítimos da Receita Federal de “flagrar” aqueles que burlam impostos.

Foi uma surpresa ler nos jornais de 6ª feira que os ministros Paulo Bernardo e Guido Mantega já estão efetuando alguns comentários nessa linha. O ministro Paulo Bernardo afirmou na Comissão de Constituição e Justiça que “eu defendo que a CPMF seja permanente, com redução das alíquotas”. Disse ainda que “manter o tributo é importante para o combate à sonegação” além de “gerar alguma arrecadação”. Já o ministro Mantega afirmou que “não vejo a possibilidade de extinção desse tributo em quatro anos.O que podemos é vislumbrar desoneração ao longo dos anos”.

Tais declarações soam como violino para nós que temos defendido exatamente o escalonamento por 10 anos. O governo deixaria de arrecadar anualmente R$ 3 bilhões (na moeda atual) , o que nos parece perfeitamente exeqüível para um país que tem um uma dívida interna superior a R$ 1,2 bilhões e que vê sua arrecadação elevada anualmente pelo crescimento da economia e pelo aumento da carga tributária. Neste ano de 2007, de acordo com o economista Amir Khair, a carga tributária deverá passar de 34,23% do PIB para 35,36% , sendo que a União abocanhará 87,2% desse aumento.

Parece-nos, pois, que estamos perto de um acordo, desta vez com a participação do “contribuinte”. Não veremos a CPMF ser extinta em 2008, mas teremos certeza que dentro de 10 anos ela será uma página virada na vida do povo brasileiro.