segunda-feira, 10 de março de 2008

"Uma fortuna real"

Na revista Veja que circula esta semana, temos uma matéria interessante que mostra as grandes fortunas do mundo e, em alguns casos, como elas foram conseguidas.

O primeiro da lista agora é o investidor Warren Buffett que com US$ 62 bilhões ultrapassou Carlos Slim e Bill Gates, dois mega-empresários que vivem de negócios e não de especulações financeiras.

O investidor afirma que ganhou muito dinheiro apostando contra o dólar ao redor do mundo ,e pela primeira vez informa que US$ 100,0 milhões vieram da compra de reais. Como o dólar enfraqueceu em relação a quase todas as moedas, o sr. Buffett tem ganho muito dinheiro nos últimos anos, fato que colocou-o no primeiro lugar da lista dos mais ricos do mundo.

O que não posso concordar com a revista é quando a repórter afirma que "a revelação de Buffett atiçou as críticas da turma que credita a valorização do real a certo artificialismo suicida do Banco Central Brasileiro . Balela . O problema não está na sobrervalorização do real, mas na desvalorização do dólar".

Certamente, essa é parte da verdade. Não podemos esquecer, entretanto, que por termos a taxa de juros mais alta do mundo, atraimos investidores externos para arbitragens. Acreditar que o real é a moeda que mais se valorizou contra o dólar representa a força do nosso país, isso sim é balela.Com exceção do fortalecimento da reservas internacionais, continuamos sendo o último vagão do trem dos países emergentes, crescendo muito menos do que deveriamos pois os reformas necessárias para o salto de qualidade do país continuam nas gavetas de Brasília.

Ao deixar o real sobrevalorizar mais do que deveria (porque estrangeiro pode comprar titulos do governo sem pagar imposto de renda e o brasileiro não pode ?) , estamos transferindo emprego para o exterior. Alguns setores (textil, tecidos, etc) já reduziaram suas atividades drásticamente pois a cotação do "dólar" não os deixa competir com a China. Agora vem o Iedi informar-nos que as importações de bens de capital cresceram 57,7% nos dois primeiros meses do ano, enquanto a expansão da produção interna deve ter ficado ao redor de 15,0%. Isto é, estamos importando alguns bens de capital que poderiam ser aqui produzidos, pois o preço local não é competitivo devido a cotação do dólar.Não é por outra razão que as importações estão crescendo mais do que as importações em 2008 e se não fossem as commodities nosso saldo da balança comercial seria um decepção quando comparado com o ano de 2007.

Ninguém pode negar, ainda, que o Banco Central está utilizando o dólar como âncora para segurar a inflação. O governo faz o mesmo com o preço do diesel e da gasolina, que não sofrem aumentos desde 2005.

Por essas e outras razões, fica difícil querer acreditar que não temos um artificialismo no preço das moedas no país. Como a inflação é o que importa, vamos acreditando que a valorização do real , nos níveis atuais, é só por culpa do enfraquecimento do dólar. Um dia essa conta será paga...quem viver, verá !