quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O FED na encruzilhada

O FED ( Banco Central Norte-Americano) reduziu ontem a taxa básica de juro em 0,25 pontos percentual, trazendo-a para 4,25% ao ano. O "mercado" não gostou, reagiu mal e derrubou as bolsas de valores. O "mercado" esperava por 0,50 pontos percentual, para dar mais um pequeno alívio na crise imobiliária que afeta o país.
O FED certamente gostaria de fazê-lo, ser mais agressivo e com isso diminuir a tensão existente no mundo todo pelos desdobramentos da "bolha imobiliária".
Entretanto, como responsável que é ( assim como o Copom aqui no Brasil ) pelo controle da inflação, a decisão não poderia ser outra. O aumento do custo da energia e dos commodities é uma realidade que já começa a dar sinais que preocupam e, portanto, a política monetária tem que ser administrada com extrema maestria. A revista inglesa "The Economist" tem como matéria de capa esta semana o seguinte ; "The end of cheap food". Isto é, o período de comida barata está no fim o que vai requerer muito mais atenção e cautela dos bancos centrais do mundo todo.
Portanto, como se vê, o FED está numa encruzilhada. Tem que baratear o custo do crédito e dar mais liquidez ao mercado para que a "crise imobiliária" não se alongue por mais muito tempo. Se , entretanto, assim agir, poderá estar jogando lenha na fogueira da inflação, que ainda não é um problema hoje, mas pode ser no próximo ano. A decisão do presidente Bush - de duas semanas atrás - de congelar os juros do financiamento de mais de um milhão de moradias da categoria "sub-prime", é uma alternativa para evitar a evidente encruzilhada que os condutores do FED se encontram.
Portanto, como já dissemos em comentário anterior, a fase de "céu de brigadeiro" terminou, a volatilidade continuará presente nos mercados e cada um dos investidores tem que pensar bem o que fazer com seu dinheiro para não ter surpresas desagradáveis.
O importante para todos nós é que o FED consiga encontrar seu rumo, mantendo a inflação sob contrôle e não deixando a "bolha imobiliária " levar a economia americana para a recessão. Em 2008 o mundo crescerá menos e a intensidade da queda dependerá do comportamento da economia do Tio Sam.

Citigroup anuncia novo comando

Impactado fortemente pela "bolha imobiliária" americana, o Citigroup não perdeu apenas dinheiro mas também seu , até então CEO (presidente), Charles Prince. Como aparentemente não encontrou ninguém disponível no mercado com capacidade para enfrentar os novos desafios ( reorganizar as finanças, custos, e controles do banco) nomeu dois funcionários do "alto escalão" para tais tarefas.
Vikram Pandit, de origem indiana, foi designado novo CEO e o europeu Win Bischoff passa a ocupar a posição de "Chairman" da grande organização americana. O lado positivo dessas escolhas é que, sendo já altos funcionários do Citi, conhecem bem os problemas e poderão agir mais rapidamente. O lado negativo dessas escolhas - e que está sendo criticado por analistas internacionais - é que tanto um como outro não possuem experiência no "consumer business" (negócios com pessoa física) que representa cerca de 50% dos lucros do banco.
De qualquer forma, agora o Citigroup não é mais uma organização "sem comando" e já para principios de 2008 (ou, até, antes disso) poderemos sentir as ações dessa nova equipe. Por certo o Citi fará corte profundo de despesas, com redução de pessoal, corte de bonus e, possívelmente, não pagamento de dividendos. Como o Citi já havia prometido que iria pagar dividendos este ano, caso mude de postura ( que é salutar para o caixa da organização) o mercado deverá receber essa medida de forma negativa e com desconfiança.
O certo é que o Citigroup é o 2º maior banco do mundo, já passou por problemas semelhantes e piores no passado, e sempre teve forças e suporte para dar a volta por cima. Como a "bolha imobiliária" formou-se pela irresponsabilidade dos banqueiros e pela falta de fiscalização adequada por parte do FED ( Banco Central Norte-Americano) , o problema é de todos eles. O presidente Bush deverá esquecer, por enquanto, dos problemas do Oriente Médio e concentrar seus esforços na arrumação do setor imobiliário americano bem como da economia do país.