quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O vinho e o mercado de ações

Como, de acordo com Louis Pasteur, "há mais filosofia e sabedoria numa garrafa de vinho , que em todos os livros" aprovetei o fim da noite de ontem para, com minha taça de vinho acompanhada do inseparável queijo, meditar um pouco sobre o mercado de ações e o que ouvi durante o almoço com um grupo grande de amigos e entendidos no assunto. Para mim a Bolsa é uma "roleta global", onde o dinheiro gira rapidamente e aqueles que não entendem o mecanismo desse difícil mercado, acaba sempre perdendo. Entra na hora errada e sai na hora errada.

Fui buscar, então, um pouco de "sabedoria" na taça de vinho e efetuar uma análise própria do que acredito irá acontecer até o final deste ano de 2008.

Não creio, em primeiro lugar, que a economia americana entrará em recessão. Haverá queda de crescimento, mais desemprego, mas o governo procurará fazer tudo que estiver ao seu alcance - assim como FED - para as coisas permaneçam sob controle.Os bancos estão sendo olhados com cuidado, linha de redesconto a 4,00% ao ano ajuda muito a renegociar a carteira dos inadimplentes do setor imobiliário bem como daqueles que se financiam de outras formas, inclusive cartão de crédito.

A grande dúvida é se os grande bancos já lançaram no balanço todos os prejuizos acumulados ou está sobrando alguma coisa para os próximos trimestres. Portanto, para que tenhamos uma visão melhor é bom irmos com cautela e montando posições em ações ( aqueles que conhecem o mercado ) ao longo do tempo.

Certamente o Brasil sofrerá menos do que os Estados Unidos, por várias razões. Depois de mais um gole de vinho e de "sabedoria" fica claro que nossa inflação interna permanecerá comportada, o país crescerá algo como 4,00% / 4,50% pois os preços das "commodities" continuam em alta. Portanto, o perigo poderá vir da China, que é a maior responsável pelo nível de preços das "commodities". Nossas taxas internas de juros também devem permanecer no nível atual - altas mas já absorvidas pelo mercado - e o real continuará super-valorizado por mais algum tempo.

Enfim, terminando minha taça de vinho, não parece que teremos grandes desastres aí pela frente e, se assim for, a "roleta global" poderá voltar a girar a nosso favor . Sofremos muito em Janeiro de 2008 pois houve retiradas maciças de recursos estrangeiros da Bolsa, e para tais valores não há reposição com dinheiro local. Eu, como leigo nesse mercado, mas que sofre por manter uma carteira de ações , fico mais confiante pois acredito que o cenário externo não será tão ruim como antes previsto ( embora a tal de "volatilidade" estará por aí de tempos em tempos). Se dependesse das ações internas do nosso governo, acredito que nem a "filosofia e sabedoria" da garrafa de um bom vinho resolveria. Aí teriamos que voltar aos livros, que é um processo mais desgastante e menos saboroso.