sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

"Carregando o elefante"

Como as pessoas devidamente formadas e informadas são pessimistas com relação ao futuro do Brasil - vir um dia a juntar-se aos países do primeiro mundo ao invés de liderar o 3º mundo - recomendo a leitura provocativa do livro "Carregando o Elefante" que propõe-se a apresentar a fórmula de "como transformar o Brasil no país mais rico do mundo".

Não o lí ainda por inteiro, é audacioso e simplesmente propõe um enxugamento brutal no setor publico. Os dois autores são formados pela FGV e acreditam nesse caminho alternativo para chegarmos ao primeiro mundo.

Estou escrevendo meu segundo livro - o primeiro, "Os limões da minha limonada" já me deu e ainda está me dando alegrias, pois já vendeu quase 7.000 exemplares- e certamente "Carregando o Elefante" fará parte dele.Terei, com certeza , minha opinião com relação ao livro pois quero saber se estamos falando de um "sonho" ou de uma , embora difícil, "realidade.

Tudo isso para dizer que ainda há pessoas bem formadas que acreditam que podemos mudar drasticamente este país, o que parece difícil com esse governo , congresso e "status quo" que temos aí. Mas vale à pena, no mínimo, sonhar pois o "paraiso é onde os sonhos se realizam".

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O longo caminho para o primeiro mundo

Há alguns anos respondendo a uma pergunta efetuada por um brasileiro durante um almoço na Brazilian American Chamber de NY, o sr. John Reed, então chairman do Citicorp, assim se manifestou.

Pergunta :O que separa o Brasil do primeiro mundo ?

Resposta : US$ 50.000,00.

Pergunta : Pode elaborar ?

Resposta :US$ 50.000,00 é o valor de "embedded capital", per capita, investido pelos países do primeiro mundo.

Desânimo total. "Embedded capital" significa o montante total de capital raiz investido por habitante do país em escola, saúde, emprêgo, habitação, transportes, enfim infra-estrutura em geral, necessários para o cidadão ter boa qualidade de vida.

Como se vê, num país onde o governo economiza reais para pagar parte do juros da dívida interna, o caminho para que alcancemos padrão de primeiro mundo está bem longe.

Hoje, entretanto, lendo os jornais fiquei um pouco mais animado com o futuro dos meus netos, ao ficar sabendo que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) está em vias de emprestar US$ 4,5 bilhões para o país, quase metade do valor destinado a América Latina. Esse dinheiro será para financiar projetos no setor privado e público em obras de infra-estrutura bem como em outras incluidas no PAC - Programa de Aceleração do Crescimento.

O mesmo jornal - Estadão - informa que os desembolsos do BNDES cresceram 62% ,nos 12 meses encerrados sem Janeiro de 2007 ,para financiamento de projetos de infra-estrutura ( cerca de R$ 26 bilhões ) , mais do que foi destinado à indústria ou qualquer outro segmento da economia. O câmbio irreal do país prejudicou a indústria mas o fato é que os projetos de infra-estrutura estão em andamento.

Esses dois fatos isolados não nos deixa otimistas ao ponto de achar que o primeiro mundo está logo alí virando a esquina. Entretanto, é um alento saber que, finalmente, alguma coisa estamos fazendo para encurtar nossa distância desses países que investiram os seus US$ 50.000,00 por habitante.

O que temos que fazer já é multiplicar nossos investimentos em educação e saúde, pois de nada adiantará uma melhor infra-estrutura em estradas, portos, geração de energia, etc. se nosso povo continuar analfabeto e com saúde debilitada. Creio que esse é um esforço de responsabilidade maior do governo federal, bem como com parcelas importantes dos estados, municípios e da sociedade como um todo.

Temos consciência de que esse é um processo de longo prazo, que fica mais longo quanto mais tempo demoramos para enfrentá-lo com seriedade. Temos que mostrar que o Brasil tem saída , não apenas por Cumbica ou Galeão.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Fabio Barbosa comanda Grupo Santander

Através comunicado recebido ontem à noite do ABN-AMRO, o ex-colega citibankense e presidente do ABN-AMRO REAL , Fábio Barbosa, será nomeado o máximo responsável por todos os negócios do Grupo Santander no Brasil, assim que sejam obtidas todas as autorizações correspondentes e o Banco Real se separe legalmente do Grupo ABN-AMRO. Gabriel Jaramilo, igualmente ex-citibankense da Colombia, prestará a partir de agora serviços de apoio e assessoria à Presidência do Grupo Santander, na Espanha.

O comunicado diz ,também, que o Banco Real, uma vez incorporado ao Grupo Santander, passará a fazer parte da Divisão América. Dada a especial relevância do País, após a compra do Banco Real, foi constituido um Comitê Corporativo de Seguimento, encabeçado pelo próprio presidente do Santander mundialmente, sr. Emilio Botin.

Esta informação nos deixa felizes por duas razões básicas. Em primeiro lugar, mais um grande conglomerado estrangeiro é presidido por um brasileiro no país. Isso demonstra a capacidade e o talento dos nossos profissionais. Em segundo lugar, e mais importante, é que o Fábio Barbosa, ex-parceiro no Citibank como também nas partidas de tenis no Clube de Campo São Paulo e no Pinheiros, é uma das pessoas mais competentes e íntegras que conheci em toda minha carreira. Neste momento em que os valores estão sendo ignorados - os escândalos e a podridão ocupam diariamente as páginas dos jornais - conquistas como mais essa do amigo Fabio nos dão o alento de que o Brasil ainda tem jeito.

Creio que todos aqueles que o conhecem estarão junto comigo desejando ao Fábio Barbosa, que também é presidente da Febraban, pleno êxito na sua nova empreitada.
Parabens, mesmo, amigo Fábio.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

As reformas e o bolso do povo

Depois de muitos meses de estudos elaborados pelo ministério da fazenda, o ministro Guido Mantega informou para alguns empresários na última semana o esboço da reforma tributária a ser encaminhada pelo governo ao Congresso. Alívio geral, a Receita Federal não está envolvida, então o Leão não deverá vir por aí.

O que cusou surpresa é que, desta vez, os empresários parece que gostaram do que viram e acreditam que finalmente teremos uma reforma tributária para tornar o país mais eficiente e menos honeroso para eles e o povo em geral.

Ledo engano, ouso afirmar. Não duvido que para os empresários a reforma possa ser positiva, pois só a redução do número de impostos com a introdução do IVA - Imposto de Valor Adicionado, já reduzirá o custo burocrático das empresas. Mas reduções de alíquotas em sí, que venham reforçar o bolso do povão é muito difícil, mesmo impossível, de acreditar.

Em primeiro lugar, os empresários lutaram para derrubar a CPMF e, pelo que eu saiba, as empresas não transferiram para o consumidor a redução advinda da eliminação do "imposto sobre cheques". A Fiesp que lutou arduamente para derrubar o imposto, deveria ,agora, efetuar o mesmo empenho para que a redução conseguida vá para o bolso de quem realmente paga impostos, pois as empresas só o repassam.

De estranhar, também, que o governo federal seja generoso e reduza alguma alíquota dos inúmeros impostos existentes, quando recentemente derramou "lágrimas de sangue" com a extinção da CPMF. "O governo não pode viver sem os R$ 40 bi ", diziam todos da cúpula governamental,inclusive o presidente Lula. O cenário agora mudou ? O governo já tem aonde buscar os R$ 40 bi e o adicional que colocará no bojo da reforma tributária ? Sinceramente, não dá para acreditar.

E os estados como ficarão desta vez ? Terão certamente menos verbas transferidas para seus estados ( com a perda da CPMF) e ainda concordarão em participar da reforma tributária com sua cota de sacrifício ? Impossível de acreditar (já estou ficando repetitivo). Como já dizia o Barão de Itararé, "Não é triste mudar de idéias ; triste é não ter idéias para mudar".

Na última tentativa do governo Lula de efetuar a reforma tributária, os governadores foram em peso para Brasília e acabaram com a brincadeira. Se ninguém abre mão de nada - governo federal, estadual e municipal - como é que poderemos ter uma reforma tributária que reduza o peso dos impostos para o contribuinte?

Portanto, dentro de alguns dias teremos o início da discussão em torno da reforma tributária, tão importante e tão aguardada. Com o "andar da carruagem" o máximo que poderemos ter é uma "mini-reforma" , com benefícios para os empresários , e se a Receita Federal não vier com nenhuma surpresa, quem sabe alguns reais a mais para o bolso do contribuinte pessoa física com a redução das alíquotasdo imposto de renda. Coisa pouca, é verdade, mas melhor do que nada.

Como já dizia um sábio e conhecido ex-ministro, "toda vez que o governo fala em reforma tributária é para aumentar impostos". Iremos ficar surpresos se essa máxima não prevalecer desta feita. Não há vontade política de ninguém no governo para abrir mão da sua receita, a favor da redução do valor do débito rotativo da maioria do povo brasileiro. Que se endividou para consumir e fazer a economia crescer e que, hoje, está ficando com os bolsos vazios.

O sonho do Ronaldo - 2

O comentário abaixo - sob mesmo título - foi escrito no domingo pela manhã , antesportanto da entrevista, com o ídolo Ronaldo, exibida pelo Fantástico ontem à noite e pelo Bom Dia Brasil hoje pela manhã, ambos programas da Globo.

Infelizmente, ouvindo as palavras medidas e pausadas do Ronaldo, ficou a quase certeza de que, agora, o que ele quer é se recuperar não para voltar a ser o artilheiro de sempre mas, sim, para estar em plenas condições físicas opara brincar e andar de bicicleta com seus filhos.

Foi um testemunho triste, o que nos leva a torcer ainda mais por sua recuperação. Queremos, vê-lo sim, realizando seu sonho de despedida do futeból defendendo a camisa do Flamengo no Maracanã. É essa, no mínimo, a festa que o ídolo Ronaldo merece.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O sonho do Ronaldo

Já é do conhecimento daqueles que nos prestigiam com suas visitas, que neste espaço tratamos prioritariamente de assuntos econômicos e políticos. Mas quando acontece que temos algo a dizer sobre algum ídolo ( especialmente brasileiro, que são tão poucos) não importa qual a área de atuação. Portanto, vamos deixar nossa mensagem para o ídolo Ronaldo, que depois de uma cirurgia delicadíssima no ano 2000, seguiu as palavras de São Francisco de Assis "Faça o necessário, depois o possível e, de repente, estará fazendo o impossível".

E fez, com muita fibra e dedicação, aquilo que poucos acreditavam que ele poderia fazer. E foi mais longe ainda, nos deu a Copa do Mundo de 2002. Inesquecível o feito daquele homem, muitas vezes questionado, mas que superou a tudo e a todos.

E não é que 0ito anos depois, o mesmo Ronaldo, agora mais velho e um pouco mais pesado, foi novamente vítima do destino. O mesmo problema, delicadíssimo, só que agora na perna esquerda.

Volta a Paris, os mesmos médicos, a mesma cirurgia, e uma semana depois sai nosso ídolo do hospital, andando com dificuldades com o amparo de duas muletas.

Mais algo mudou, e para pior. Continua otimista, vai lutar para voltar a jogar e realizar seu sonho de terminar sua brilhante carreira na Flamengo, mas o semblante é bem diferente. E para pior.

Em fotos estampadas nos jornais de ontem, vemos o Ronaldo do ano 2000 saindo do hospital de bermuda, joelho à mostra, sorrindo e com uma camiseta onde a palavra "alegria" vem logo abaixo de um rosto redondo, emoldurado por um largo sorriso. Era um Ronaldo que inspirava confiança, em cujo semblante a fatalidade do acidente já era coisa do passado.

Agora, o Ronaldo de 2008, mais pesado, agasalhado, saiu do hospital de cabeça baixa, igualmente amparado por duas muletas. E o blusão ( e não mais uma camiseta) estampa uma caveira ao invés do rosto redondo , esbanjando alegria.

Sofri ao ver as fotos, pois a imagem que fica é que não teremos mais o "mesmo" Ronaldo. Nunca queria estar tão errado em minhas análises como agora, mas a superação de mais essa fatalidade será muito mais difícil do que a anterior. É moço ainda, ama o que faz, quer voltar a ser atleta e vestir a camisa do Mengão, mas o caminho será mais longo e sofrido.

Entretanto, embora os fatos nos fazem pessimistas com relação ao seu futuro como astro do futebol - ídolo já é, e continuará sempre sendo - a expectativa, e torcida, é que o nosso Ronaldo tenha a mesma fé e força e possa repeti São Francisco de Assis.

Seria justo , justíssimo, vê-lo encerrar sua carreira no Maracanã lotado , aplaudindo-o de pé. E isso acontecerá de uma maneira ou de outra. Correndo 90 minutos ou uns poucos minutos, não importa. O ídolo estará , em meses ou anos, realizando seu sonho ... e o povo brasileiro estará aguardando para aplaudí-lo

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Brasil aposenta Bill Rhodes

A grande notícia do dia , estampada em todos os jornais, diz respeito a mudança verificada nos últimos anos e que culminou agora , em Janeiro de 2008, quando o Brasil deixou de ser devedor para passar a ser credor internacional. É um fato a ser comemorado, um grande avanço nas contas externas o que , na prática, eliminou nossa eventual vulnerabilidade externa. Com reservas internacionais acima de US$ 180,0 bilhões, não há quem se atreva a "atacar" o real.

Com isso, o nosso velho e conhecido Bill Rhodes, que toda vez que visitiva o Brasil era sinal de que tinhamos algum problema com a dívida externa, pode tranquilamente aposentar-se em em relação ao nosso país. O Brasil - nem os bancos credores - irão precisar mais dos seus préstimos pois o trabalho realizado nos últimos anos e, em especial, a renegociação da divida externa entre 1991 e 1994 surtiram os efeitos desejados. O Brasil até alí considerado um "mau pagador", efetuou contrato de longo prazo com o governo Fernando H. Cardoso cujo acordo foi cumprido por sua administração e , igualmente, pela administração Lula. Tudo que foi escrito e combinado entre 1991 e 1994, foi fielmente honrado pelos dois presidentes brasileiros. Só isso já é um motivo de orgulho para nós que, por força das atribuições que tinhamos no Citibank, acompanhamos os penosos anos da década de 80 quando qualquer acordo assinado não durava mais do que dois ou tres anos.Portanto Bill, as portas de Brasília continuam abertas, para visitas de cortesia.

Hoje passamos a ser credores internacionais, as firmas brasileiras investem no exterior, o dólar deixou de tirar o nosso sono, pois está sobrando no caixa. E, aí, paradoxalmente, começa o perigo.

Já dizia o saudoso Mario Henrique Simonsen que "a inflação aleija, mas o câmbio mata". Hoje o real é a moeda mais valorizada do mundo em relação ao dólar, o que, convenhamos nós, não representa a nossa realidade.

Como a preocupação número "um" do Banco Central sempre foi controlar a inflação - o que, na teoria , não está errado - o dólar foi também utilizado como "âncora"para tal fim. Dólar fraco permite mais importações o que faz com que os preços internos caiam. Essa situação, que não causava preocupação até o ano passado, já deu forte sinal negativo em Janeiro 2008 quando o saldo da balança comercial foi o menor desde Junho de 2002. Isto é, nossas importações, devido ao real valorizado, estão crecendo bem mais rapidamente do que as exportações, especialmente de bens manufaturados. Com isso os elevados superavits comerciais ( exportação menos importação) tenderão a cair ao longo do ano.

Tudo isso para dizer que o Governo tem que estar alerta para essa supervalorização do real. Graças às nossas taxas de juros elevadas continuamos atraindo capitais especulativos para arbitragens e com isso o real vai fortalecendo-se até chegar ao perigoso nivel atual de R$ 1,70.

Como nossa situação externa está consolidada, cabe agora ao governo reduzir essas vulnerabilidades impondo prazos ou limites para capitais especulátivos, fazendo com que o investidor estrangeiro pague o mesmo imposto que pagamos quando compramos titulos do Tesouro Nacional e assim por diante. O Governo tem um "leque de alternativas", não as aplica pois está preocupado com a inflação ou tem medo que tais medidas atrapalhem nosso sonho de sermos "investment grade" ainda este ano.

O certo é que temos uma conta altíssima para ser paga e o Governo não pode continuar "empurrando com a barriga". Isto é, comprando dólares no mercado para não deixar que o real despenque de uma vez e deixando o problema para administrações futuras.

Hoje, entretanto, temos que comemorar o feito alcançado mas a ressaca não pode ser muito longa. Esse assunto "câmbio" ainda exigirá muita criatividade do governo para que não troquemos a preocupação do passado com o "dólar" pela do futuro com o "real".

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"O Brasil progride enquanto dorme"

Com o título acima, o brilhante jornalista Arnaldo Jabor escreve um artigo hoje para o Caderno 2 do Estadão ( o mesmo Estadão que me fechou as portas sem que eu saiba direito porquê ), que deve ser lido.

Utilizando-se da frase dita por Oswaldo Aranha há 60 anos ( "O Brasil progride enquanto dorme) descreve com maestria o que acontece em nosso país.

Um país pràticamente sem governo, vai indo para frente e o presidente Lula ganhando pontos e mais pontos da população, pois a economia vai bem, o emprego e a renda melhoraram pois o setor privado está mais ágil, mais ativo. Os juros baixaram na ponta do consumidor, os prazos aumentaram, e muita gente passou a consumir, o que não fazia anteriormente. Há um clima de otimismo, justificável, nas classes menos favorecidas.

Mas aquele 1/3 da população que não aprova o governo, assim como Jabour e eu, ficamos desanimados em verificar que poderiamos tirar vantagem desse momento e colocar o Brasil próximo ao primeiro mundo. Com tres reformas apenas ( tributária, trabalhista e política) e alguma solução para o câmbio ( o real não pode continuar tão valorizado eternamente) , teriamos um país com os fundamentos em ordem, totalmente protegido contra qualquer crise externa. Mas não. O presidente vai ver o gelo de perto, o ministro fala de vez em quando e a impressão que fica é que quem trabalha, de fato, é o presidente do Banco Central. Pulso firme sempre que foi necessário, venceu barreiras políticas, implementou sua filosofia de trabalho, acredita que o Brasil não desperdiçou o bom momento mundial mas adverte que "ninguém está totalmente imune a uma séria crise internacional" (recessão nos Estados Unidos, problemas na China afetando suas importações de commodities, e assim por diante).

Esse é o Brasil que vivemos , enfrentando a famosa volatilidade no mercado financeiro, mas com sua economia caminhando forte internamente. Os escaândalos estão por aí ( os cartões corporativos já não é o último deles) mas nada afeta este país que progride enquanto o governo dorme.

É outra lição que este jornalista sem pasta está aprendendo. Muitas vezes, não governar é melhor do que governar.... deixa o setor privado ditar as regras. Que o Congresso continue dormindo também é um alívio para nós. Só espero que tudo isso não passe de um sonho e que este seja o começo de um novo Brasil. Tenho minhas dúvidas, mas estou torcendo para estar errado e o presidente Lula faça tudo aquilo que ainda não fez pois o povo brasileiro merece. Afinal, ninguém tem 2/3 de aprovação da população por acaso... este fato temos que respeitar.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

As complicações da "bolha imobiliária"

Amigos e amigas leitores deste espaço, infelizmente ( ou felizmente) a cada dia estou aprendendo que sei menos do que achava que sabia. Depois de aprendermos o que é "sub-prime", vieram os problemas com cartões, emprestimos pessoais, enfim, toda e qualquer operação que atinge a pessoa física no gigantesco mercado financeiro norte-americano.

Agora, acabo de receber relatório da Merrill Lynch com o titulo "Auction market securities failure ; what happenende ? O texto nos informa que um "unprecedented" numero de leilões de "market securities" falharam na semana passada e especialmente no dia 13/2/08. O não êxito dos leilões atingiram os " student loan securities", municipal bonds e "taxable" e "non-taxable" funds.

Mais para frente o texto afirma que efetuará os comentários iniciais sobre o futuro "of ARPs and CEFs" que também foram atingidos por essa "unprecedented"falta de liquidez. Isto é , a falta de liquidez é um problema ainda grande nos Estados Unidos, mesmo depois de todas ações tomadas pelo FED e governo norte-americano.
E não tenho a menor idéia do que seja "ARP" ou"CEF"...

Honestamente, agora, não sei qual será o fim dessa situação por total falta de imcompetência e/ou desmando administrativo dos "banqueiros" e "operadores" norte-americanos. Certamente ganharam bonus milionários, mas colocaram tudo a perder.

Uma coisa que eu sei, pois aprendi e apliquei em toda minha vida, é que toda vez que o mercado ou as operações tornam-se mais sofisticadas, o nível de controle tem que ser mais efetivo. Auditoria interna, auditoria externa, banco central, todos devem estar com os "dois olhos abertos" para essa nova realidade para não acontecer o que está acontecendo e que ninguém, repito, ninguém sabe qual será o fim. Continuo firmemente acreditando que os grandes brancos permanecerçao vivos pois são "too big to fail", embora o Citigroup não atendeu a resgate significativo em um dos seus fundos de hedge do mercado americano no fim da ultima semana. Mau sinal, muito mau sinal.

Portanto, aqueles que acompanham os mercados local e internacional que fiquem de olhos bem abertos e ouvidos bem atentos. Cada novo dia poderemos ter novidades que mudarão o cenário que desenhamos no dia anterior. O negócio é no dia-a-dia e muito sangue frio. Essa será minha estratégia, pois enquanto não entender TUDO o que estiver acontecendo ( e não creio que chegarei lá ) tenho que colocar "as barbas de molho".

Triste situação criada pela filosofia dos "bonus" e da ausência total ( ou incapacidade total) das autoridades fiscalizadoras.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Bernanke e o mercado

A fala do presidente do FED ao Senado americano ontem foi de uma clareza e sinceridade que temos que respeitar. Foi realista quando disse que os problemas ainda existem, que nada será resolvido em um trimestre, mas que a economia americana não entrará em recessão pois o governo ( e o Fed) estão agindo e agirão sempre que necessário.

Isto é, "o problema está aí, ainda não todo resolvido, mas estamos , agora, tomando as necessárias decisões e assim será daqui para frente."

Mais uma vez, eu leigo nesse mercado, não entendo o que o "mercado" queria ouvir. Disse o que deveria ser dito, pelas palavras do Bernanke não tem maiores crises aí pela frente ( recessão, etc) e agora todos estão vigilantes. Daí a reação do mercado, para baixo , mais parece que é "jogo de vendidos" ou daqueles que quiseram se apropriar dos lucros de 3 dias de altas no mercado acionário.

Por isso, continuo afirmando que essa "roleta global" é só para entendidos, pois tem muitos "MBAs" espalhados pelo mundo tomando decisões que favorecem seu negócio e não aquilo que seria mais adequado para o mercado como um todo.
Mais uma vez,a volatilidade vai continuar, ela é oportuna para alguns e os novos fatos(que acontecerão semanalmente) darão o tom pelo peso que os "analistas" consideram adequado.

Continuo acreditando que as boas empresas valem , na maioria das vezes, mais do que o mercado representa hoje, pois são bem posicionadas, lucrativas, e com planos sólidos de crescimento. Quem "casar" com uma delas não irá perder no longo prazo, mas no curto brazo quem manda é a "roleta global", infelizmente.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O vinho e o mercado de ações

Como, de acordo com Louis Pasteur, "há mais filosofia e sabedoria numa garrafa de vinho , que em todos os livros" aprovetei o fim da noite de ontem para, com minha taça de vinho acompanhada do inseparável queijo, meditar um pouco sobre o mercado de ações e o que ouvi durante o almoço com um grupo grande de amigos e entendidos no assunto. Para mim a Bolsa é uma "roleta global", onde o dinheiro gira rapidamente e aqueles que não entendem o mecanismo desse difícil mercado, acaba sempre perdendo. Entra na hora errada e sai na hora errada.

Fui buscar, então, um pouco de "sabedoria" na taça de vinho e efetuar uma análise própria do que acredito irá acontecer até o final deste ano de 2008.

Não creio, em primeiro lugar, que a economia americana entrará em recessão. Haverá queda de crescimento, mais desemprego, mas o governo procurará fazer tudo que estiver ao seu alcance - assim como FED - para as coisas permaneçam sob controle.Os bancos estão sendo olhados com cuidado, linha de redesconto a 4,00% ao ano ajuda muito a renegociar a carteira dos inadimplentes do setor imobiliário bem como daqueles que se financiam de outras formas, inclusive cartão de crédito.

A grande dúvida é se os grande bancos já lançaram no balanço todos os prejuizos acumulados ou está sobrando alguma coisa para os próximos trimestres. Portanto, para que tenhamos uma visão melhor é bom irmos com cautela e montando posições em ações ( aqueles que conhecem o mercado ) ao longo do tempo.

Certamente o Brasil sofrerá menos do que os Estados Unidos, por várias razões. Depois de mais um gole de vinho e de "sabedoria" fica claro que nossa inflação interna permanecerá comportada, o país crescerá algo como 4,00% / 4,50% pois os preços das "commodities" continuam em alta. Portanto, o perigo poderá vir da China, que é a maior responsável pelo nível de preços das "commodities". Nossas taxas internas de juros também devem permanecer no nível atual - altas mas já absorvidas pelo mercado - e o real continuará super-valorizado por mais algum tempo.

Enfim, terminando minha taça de vinho, não parece que teremos grandes desastres aí pela frente e, se assim for, a "roleta global" poderá voltar a girar a nosso favor . Sofremos muito em Janeiro de 2008 pois houve retiradas maciças de recursos estrangeiros da Bolsa, e para tais valores não há reposição com dinheiro local. Eu, como leigo nesse mercado, mas que sofre por manter uma carteira de ações , fico mais confiante pois acredito que o cenário externo não será tão ruim como antes previsto ( embora a tal de "volatilidade" estará por aí de tempos em tempos). Se dependesse das ações internas do nosso governo, acredito que nem a "filosofia e sabedoria" da garrafa de um bom vinho resolveria. Aí teriamos que voltar aos livros, que é um processo mais desgastante e menos saboroso.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Guga, o campeão !

Preferi deixar os cartões corporativos de lado ( mesmo depois da nova declaração do presidente Lula que é a favor da divulgação dos gastos pela internet, excluindo-se, porém, as despesas com segurança - isto é, investiguem os outros mas não minha família), para ocupar este espaço com uma pessoa que merece todo nosso respeito e admiração. O maior campeão brasileiro de tenis entre os homens ( não podemos omitir a inesquecível Maria Esther Bueno, imbatível à sua época) despediu-se ontem, na Costa do Sauipe, das quadras de tenis aqui no Brasil. Foi uma derrota indiscutível para um argentino, mas o importante da festa ficou para depois do fim da partida.

Com o microfone nas mãos nosso campeão Guga agradeceu aos presentes, sua família, seu técnico , os brasileiros que sempre o apoiaram e, em lágrimas, afirmou que "não é que eu não queira mais continuar jogando, peço até desculpas, mas é que não consigo mais". Depois dos problemas nos quadris, Guga nunca mais conseguiu ser mais o mesmo e está aposentando-se precocemente, aos 31 anos de idade.

Neste Brasil onde a podridão impera, ver aquele campeão derramar lágrimas saídas do corração, mexeu com todos. Mesmo assistindo ao episódio pelo Bom Dia Brasil da TV Globo, hoje pela manhã ,enquanto tomava meu chá, não pude também conter as lágrimas. Foi um momento de muita emoção, onde um campeão chorava como crianças por "não poder mais defender seu país".

Fato raro, de extrema sensibilidade, que merece não apenas nossas lágrimas (como acontece agora novamente) mas nossos aplausos a esse brasileiro de Santa Catarina.

Guga fará falta nas quadras mas deixou para nós brasileiros, desiludidos pelo que acontece neste país, a esperança de que ainda temos pessoas que reagem como seres humanos, puros, que derramam lágrimas pelo término de uma missão.

Parabens, Guga. Você será sempre o nosso campeão e ajude-nos a formar novos campeões como você.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Brazil com "z"

O Brasil visto lá de fora , onde o "s" é substiuido por "z", está bem melhor do que nossa visão interna, pelo menos a minha. Nesta semana dois órgãos de imprensa respeitados - a revista "The Economist" e o jornal "Financial Times" - elogiam nosso país por razões diferentes. Pela "bolsa-familia" ( The Economist) e pela nossa aparente imunidade a crise internacional, o que não acontecia há uma década .

Com o titulo de "Happy families", a revista "The Economist" fala do nosso bolsa-familia, dos países que estão copiando ao redor do mundo , dos resultados positivos que o presidente Lula alcançou. Segue dizendo que "apesar do sucesso inicial da bolsa-família, tres preocupações permanecem. Primeiro é em relação a fraudes, pois em programas similares nunca 100% dos recursos chega às maõs dos beneficiários. E alguém dúvida que isto não esteja acontecendo no Brasil ?

A segunda preocupação é que a bolsa-família fique sendo um programa permanente da sociedade brasileira , ao invés de um programa temporário até que oportunidades
sejam encontradas para os mais pobres. Pois o que enobrece o homem é o trabalho.

E a terceira preocupação - que é de grande parte dos brasileiros - é que a bolsa-família foi equacionada para "vote-buying", isto é, compra de votos.

Apesar dessas preocupações - todos brasileiros prefeririam que pudessemos ensinar os pobres a pescar ao invés de dar-lhes o peixe - a revista afirma no longo artigo que "por um custo modesto (0,8%do PIB)o Brasil está recebendo um bom retorno" . E conclue dizendo que seria positivo "se a mesma coisa pudesse ser dita com relação ao resto das despesas do governo".

Como se vê, o Brasil é admirado e elogiado mas o "se" sempre está presente.

O "Financial Times" ,de ontem, também elogia a maneira como o Brasil vem enfrentando a turbulência atual, pois há 10 anos a situação seria bem diferente.

É verdade, o Brasil era muito mais vulnerável externamente do que é hoje, pois possuia uma política cambial errônea ( câmbio administrado), reservas internacionais insuficientes que poderiam desaparecer em alguns meses (como aconteceu em 1988/1989, na gestão Gustava Franco). Hoje temos um colchão de reservas internacionais superior a US$ 190 bilhões, e não há chance de "ataque ao real". A ameaça de recessão, de acordo com a revista, não atingiu o Brasil que só terá solavancos se tivermos uma recessão nos Estados Unidos, e desaceleração na China, que reduzirá o preço dos commodities e das exportações brasileiras.

Depois dessas considerações positivas - e justas - a revista alerta que para nos fortalecermos mais consistentemente e enfrentar uma possível crise internacional, deveriamos controlar os gastos do governo (gastar mais inteligentemente) , aumento da produtividade, estímulos ao setor privado e reformas fiscal e trabalhista.

E aí que mora o perígo. Todos já sabemos que redução/contrôle de despesas não está no DNA do governo. Que o governo Lula não fará reforma alguma até o fim do mandato, mesmo porque o Congresso tem muito o que fazer com os"mensalões", "mensalinhos" e assim por diante....além das férias sagradas, é claro.

E a "The Economist" finaliza dizendo que podemos nos orgulhar dos progressos alcançados mas o sentimento de "urgência" é necessário para manter o "momentum".

"Urgência" , pois, é a palavra chave e o grifo é nosso. SE o nosso governo ( e o Congresso) tivessem a ousadia e coragem de efetuarem a reforma tributária e a reforma trabalhista, pelo menos, o país seria outro. Aí seriamos, sim, com certeza, uma das dez maiores economias do mundo por mérito do trabalho dos brasileiros e não, como é hoje, devido a apreciação do real. Desculpe, mas para quem não sabe, o PIB é calculado em reais e depois convertido em dólares. Portanto, quanto mais forte o real e mais fraco o dólar, teremos um PIB maior. Mas um simples ajuste de,pelo menos, 20% na taxa de câmbio, reduziia nosso PIB na mesma dimensão.

Enfim, o mundo está nos observando, gosta do que vê no momento, mas olha para frente e encontra alguns "ifs". Temos, pois, que trabalhar para elimina-los o mais rápido possível, o que honestamente poucos acreditam quando olhamos hoje para Brasília e vemos como as coisas se desenrolam.
Quero, porém, estar errado e calar minha boca se a profecia de São Francisco de Assis também se aplique no Brasil : " Faça o necessário, depois o possível e, de repente, você estará fazendo o impossível".

domingo, 10 de fevereiro de 2008

O "nosso" blog

Prezado visitante

Se você leu e gostou dos comentários abaixo, vamos fazer deste espaço o "nosso blog". Comente, dê sugestões, indique aos seus parentes e amigos. Queremos dar mais dinamismo a este espaço precioso, e o apoio de vocês que nos leem é fundamental. Eu estou só do lado de cada mas, nós, todos juntos, poderemos fazer muito mais.
Bom final de domingo e não deixem, "please", de ler os dois comentários abaixo.

Abraços

Alcides Aamral

Os lucros das multinacionais

Só uma pequena nota, pois voltaremos no decorrer da semana a elaborar um pouco mais sobre o nosso problema cambial , o que temos de bom e o que nos espera aí pela frente.

Todos devem ter ficado surpreendidos com o altíssimo volume de remessas de lucros e dividendos para o exterior no ano de 2007. Enquanto até 2003 o volume girava ao redor de US$ 5,0 bilhões anuais, em 2005 subiu para 12,6 bilhões evoluindo de maneira significativa em 2007 para US$ 21,2 bilhões.

O que isto significa ? As multinacionais estão ganhando mais no Brasil ? Correto, o Brasil cresceu de 5,0% em 2007 e trouxe oportunidades para todos aqueles que estão aqui instalados. Mas as multinacionais faturaram tanto mais ao ponto de quase dobrarem o envio de remessas de lucros e dividendos ?

Certamente que não. Os lucros foram melhores, não há dúvidas, mas o "X" da questão é a paridade cambial. Como o real vem se valorizando frente ao dólar nos últimos anos, hoje com o mesmo lucro em real em relação a 2005 e 2006, por ex., as multinacionais remetem MAIS dólares para o exterior. Portanto, mesmo que performance de uma multinacional fosse ruim - lucro estável em reais de um ano para o outro - assim mesmo ela mostraria mais lucros em dólares, face a valorização do real, que é o que interessa para sua casa matriz.

Vamos, portanto, ficar alertas a esse fato que é um dos problemas que o "real supervalorizado" está criando para o Brasil. Espero que o governo - senhor ministro Mantega - já tenha percebido este essa anomalia pois temos que, enquanto é tempo, efetuarmos ajustes na nossa política cambial. Pois como dizia o inesquecível Mario Henrique Simonsen,
"a inflação aleija, o câmbio mata".

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Cartões Corporativos, o "novo mensalinho"

Não pretendia retornar ao blog esta semana, enquanto a poeira da folia ainda paira pelos ares. Mas, acompanhando os desdobramentos dos "cartões de crédito corporatívos do governo", não resisti depois de ouvir o que a Dra. Wilma, nossa mais poderosa e eloquente ministra, disse na TV na 4ª feira em seu tom habitual(professoral). De acordo com o Estadão de ontem, a ministra da Casa Civil, dra. Wilma Rousseff, uma mulher inteligente e bem preparada, afirmou que vai retirar os cartões dos ministros, sob o argumento de que "o princípio da transparência impede que alguém compre para si mesmo". Nesse caso, o uso do cartão ficaria por conta dos assessores.

Inicialmente me pareceu uma piada de mau gosto, daquelas que estamos acostumados a ouvir em Brasília, mundo diferente do qual vivemos. O presidente Lula gosta dos seus improvisos e o povão adora. Mas, examinando o assunto com mais cuidado cheguei a conclusão que a intenção da ministra Wilma é verdadeira, não há nada de piada de mau gosto.

Ora, pergunto eu assim como milhões de brasileiros; Se não podemos confiar nos ministros no uso adequado do cartão de crédito, qual seria a atitude a tomar ? Cortar o cartão de crédito como se pretende ou cortar o ministro ?

Não resta dúvida que se este fosse um país sério - como já duvidava Napoleão Bonaparte - teriamos novos ministros e, especialmente, menor número de ministros para reduzir gastos e facilitar o controle. E essa "intenção" de cortar o cartão corporativo dos ministros ganha repercussão maior quando vemos a teve Bandeirantes reproduzir ( ontem à noite) parte do debate presidencial entre Lula e Alckimin oportunidade em que o então candidato Lula declarou que a única coisa boa que o governo Fernando H. Cardoso criou foi o cartão corporativo. E ele, o nosso Lula, estava falando sério e não era nenhuma outra piada de mau gosto.

O problema , entretanto, é muito mais profundo do que a proposição da dra. Wilma. O abuso - ou uso inadequado dos cartões - começa mais acima do nível dos ministros , e vem descendo degraus abaixo até atingir seguranças dos filhos do Presidente e funcionários públicos dos Estados, como é o caso do nosso Estado de São Paulo. Aparentemente temos aí um "novo mensalinho."..quanto mais a imprensa pesquisar vai encontrar a mesma farra em outras partes do Brasil e, não dúvido, no próprio Congresso Nacional.

Só para citar alguns números publicados pela imprensa, o Gabinete do presidente Lula gastou R$ 3,6 milhões em 2007, incluindo as necessidades do presidente e da primeira dama, Marisa Letícia.Os seguranças dos filhos do presidente também possuem seus cartões, bem como milhares de funcionários pertencentes a todos os ministérios. O problema alcançou repercussão tão grande na imprensa e no Congresso - que ainda está sob o rescaldo do mensalão, dólar na cueca, etc. - pois o valor de R$ 75,0 milhões gasto em 2007 é mais do que o dobro gasto em 2006 ( R$ 33 milhões). O ministério do Planejamento foi o campeão de bilheteria com gastos de R$ 34,0 milhões em 2007, seguido da Presidência República com R$ 16 milhões. Ironicamente, o Ministério do Turismo ( que é um ministério que, a príncípio, deveria consumir boa verba ) dispendeu apenas R$ 2.780,00, isso mesmo, dois mil setecentos e oitenta reais.

O que assusta ainda mais é que do total dispendido em cartões corporativos pelo governo , nada menos do que R$ 45,0 milhões ( mais da metade) foram saques efetuados em dinheiro. Se o próprio presidente Lula elogiou a criação do cartão de crédito corporativo pelo presidente Fernando H. Cardoso, como justificar essa montanha de dinheiro espalhada pelos bolsos dos funcionários (e ministros) . O princípio do cartão é para facilitar os pagamentos, desobrigando as pessoas a carregarem valores expressivos nos bolsos na rua ou nas suas viagens. O cartão engloba também segurança, mas o pessoal do Brasília ( e de São Paulo também ) prefere o dinheiro no bolso.

Diante desse quadro assustador - parece que estamos no início de outro escândalo gigantesco neste país - os congressistas só falam em CPI. O presidente Lula anuncia que liberará cargos para barrar a CPI, mas deputados tucanos querem CPI mista com início em 2001, envolvendo assim governos FHC e Lula.

A verdade é que uma CPI a mais ou uma CPI a menos não vai fazer diferença nenhuma, pois tudo quase termina em "pizza". Muito tempo e muito dinheiro gasto para, no fim, ficar tudo como está. Os número que a imprensa apresenta hoje como utlização de cartões corporativos do Estado de São Paulo ( R$ 108,0 milhões )são superiores ao governo federal o que certamente terminará em CPI também por aqui.E assim vai nos outros estados onde a imprensa tiver acesso pois essa utilização inadequada dos cartões de crédito corporativos mais parece uma nova forma de se "governar" no Brasil, à custa do povo. Pois no fim quem paga todos esses excessos somos, nós, contribuintes.

Daria para escrever um livro sob o assunto - o "novo mensalinho" certamente fará parte do meu segundo livro - mas vou ficando por aqui. Faz de conta que ainda é carnaval, tudo isso não passa de "fantasia" e o Brasil continua vivendo em berço explêndido. Mas, cuidado senhores governantes...um dia a paciência acaba !

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

As novas crias do mundo financeiro

O reinício das atividades do meu blog não poderia ser mais constrangedor, mas tenho que fazê-lo. Tenho poucos amigos e creio não ter inimigos, mas quando vejo um colega - no caso William Rhodes, famoso mundialmente por ser o renegociador da dívida externa de países com dificuldades - ser ironicamente mencionado pelo sr. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil, em artigo escrito para a revista Época, não posso calar-me.

Tentando esclarecer os fatos, enviei correspondência para a revista solicitando que publicasse meus comentários, o que já não aconteceu na edição que saiu hoje, sábado de carnaval, com data de 4/2/08. Certamente o tempo foi curto, o texto longo, mas espero que na próxima edição a revista Época faça justiça ao citibankense que no ano passado comemorou 50 anos de trabalho na organização.

Para que os visitantes saibam do que estou falando, segue o texto que enviei por e-mail no dia 31/1/08 à redação da revista Época, a saber :

“Prezados Senhores

Na revista Época do dia 28 de janeiro, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, escreveu artigo sobre “As novas crias do mundo financeiro”. Tudo perfeito, até que no final afirma que se tivéssemos nosso “Fundo Soberano de Riqueza” seria favorável a compra de ações do Citibank “com a recomendação de que nosso simpático velho conhecido Bill Rhodes fosse designado para cobrar hipotecas inadimplentes”. Como ex-citibankense que sou e acompanhei tudo o que aconteceu no front externo do Brasil de 70 para cá, considero essa ironia descabida e provocativa. Em primeiro lugar, se não tivéssemos o velho Bill o acordo da divida externa sob os auspícios do Plano Brady nunca sairia e a divida externa brasileira ainda estaria por aí. Ele pode ser muito exigente e persistente, mas lutou muito, com o apoio do John Reed, para que o Brasil efetuasse o acordo sem a participação do Fundo Monetário Internacional, que era exigência dos bancos europeus, asiáticos e assim por diante. O México e a Argentina para efetuarem o mesmo acordo precisaram da participação do FMI. A crise atual do Citi deve ser criticada, pois foi muita incompetência da cúpula da organização. Mas o Bill Rhodes tem responsabilidades em outras áreas, junto a governos, bancos centrais e organismos internacionais como o sr. Gustavo Franco sabe muito bem. Finalizando, se tivéssemos o articulista como presidente do Banco Central, o Brasil não teria chance de ter o FSRs pois, em 1998, ele com sua política cambial errônea (câmbio controlado pelo BC) deixou o Brasil perder US$ 40 bilhões de reservas internacionais e só não “quebrou” pois contou com a ajuda do FMI e governos de países do primeiro mundo. Vai dai, ao invés de fazer ironia ao Bill Rhodes, o sr. Gustavo Franco deveria tirar o chapéu para ele por ser elemento decisivo para que a divida externa brasileira deixasse de ser um problema.

É isso que gostaria que fosse publicado. Entretanto, se os srs. considerarem o texto longo demais e quiserem dar espaço para que eu escreva um artigo a respeito , posso fazê-lo com melhor embasamento.
Grato pela atenção.
Alcides Amaral
Jornalista e ex-presidente do Citibank S/A”


Por enquanto é só. Depois do Carnaval voltaremos à ativa e, se possível, com assuntos mais agradáveis e de maior interesse dos visitantes deste espaço.

Bom Carnaval.