terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"O Brasil progride enquanto dorme"

Com o título acima, o brilhante jornalista Arnaldo Jabor escreve um artigo hoje para o Caderno 2 do Estadão ( o mesmo Estadão que me fechou as portas sem que eu saiba direito porquê ), que deve ser lido.

Utilizando-se da frase dita por Oswaldo Aranha há 60 anos ( "O Brasil progride enquanto dorme) descreve com maestria o que acontece em nosso país.

Um país pràticamente sem governo, vai indo para frente e o presidente Lula ganhando pontos e mais pontos da população, pois a economia vai bem, o emprego e a renda melhoraram pois o setor privado está mais ágil, mais ativo. Os juros baixaram na ponta do consumidor, os prazos aumentaram, e muita gente passou a consumir, o que não fazia anteriormente. Há um clima de otimismo, justificável, nas classes menos favorecidas.

Mas aquele 1/3 da população que não aprova o governo, assim como Jabour e eu, ficamos desanimados em verificar que poderiamos tirar vantagem desse momento e colocar o Brasil próximo ao primeiro mundo. Com tres reformas apenas ( tributária, trabalhista e política) e alguma solução para o câmbio ( o real não pode continuar tão valorizado eternamente) , teriamos um país com os fundamentos em ordem, totalmente protegido contra qualquer crise externa. Mas não. O presidente vai ver o gelo de perto, o ministro fala de vez em quando e a impressão que fica é que quem trabalha, de fato, é o presidente do Banco Central. Pulso firme sempre que foi necessário, venceu barreiras políticas, implementou sua filosofia de trabalho, acredita que o Brasil não desperdiçou o bom momento mundial mas adverte que "ninguém está totalmente imune a uma séria crise internacional" (recessão nos Estados Unidos, problemas na China afetando suas importações de commodities, e assim por diante).

Esse é o Brasil que vivemos , enfrentando a famosa volatilidade no mercado financeiro, mas com sua economia caminhando forte internamente. Os escaândalos estão por aí ( os cartões corporativos já não é o último deles) mas nada afeta este país que progride enquanto o governo dorme.

É outra lição que este jornalista sem pasta está aprendendo. Muitas vezes, não governar é melhor do que governar.... deixa o setor privado ditar as regras. Que o Congresso continue dormindo também é um alívio para nós. Só espero que tudo isso não passe de um sonho e que este seja o começo de um novo Brasil. Tenho minhas dúvidas, mas estou torcendo para estar errado e o presidente Lula faça tudo aquilo que ainda não fez pois o povo brasileiro merece. Afinal, ninguém tem 2/3 de aprovação da população por acaso... este fato temos que respeitar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Alcides,
Como comentei alguns dias atrás, não vejo solução, estamos condenados à esta mediocridade por muitos e muitos anos! Quando discordam de mim costumo fazer uma pergunta: Qual a grande empresa/marca brasileira? a pequenina Finlândia têm a Nokia, Holanda Philips, Coreia LG; Samsung;Hynday,Japão? não preciso falar! todas de países do tamanho de SP e que valem e empregam mais que uma Vale! quanto à esta se o $ do minerio cair bau bau! Petrobrás? bom uma grande empresa não manda dados sigilosos de sua mais importante descoberta por container!.A questão não é só estar preparado para crises, mas o que o futuro nos espera. Enquanto o mundo demandar commodities,ótimo,mas se por algum motivo isto refrear!!!Parodiano o Sassa Mutema dos trópicos, nunca na história mundial tivemos tamanha liquidez e como também faço parte do 1/3 de descontes creio que perdemos uma tremenda "janela de opotunidade" mais uma vez! o que não é nenhuma novidade.
Abraço
P.S Qual sua opinião sobre o Citi (venda/fechamento de operações na Ásia/México) a operação brasileira poderá seguir o mesmo caminho? seria muito chato para cliêntes, com todo respeito, acordar correntista do Bradesco!

Alcides Amaral disse...

Prezado Jay

O que importa para o governo é que estamos crescendo mais do que o anterior....se estamos perdendo oportunidades,para eles, não vem ao caso.
Quanto ao Citi, não tenho inside nenhum. O Citi está vendendo alguns ativos no exterior pois está precisando refazer sua base de capital. A situação só vai melhorar aos poucos, pois o baque foi grande. Quanto ao Brasil, a operação é sólida e no ano passado o lucro foi recorde. Não creio que vendam filiais mas possivelmente o façam com ativos que não tem nada a ver com o banco. O Citi sabe que para continuar sendo o maior banco do mundo em termos de cobertura geográfica, tem que ter uma operação sólida no Brasil que é uma das 10 maiores economias do mundo. Eu , como cliente do banco aqui no Brasil. não estou nenhum pouco preocupado.
Abraços