quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O longo caminho para o primeiro mundo

Há alguns anos respondendo a uma pergunta efetuada por um brasileiro durante um almoço na Brazilian American Chamber de NY, o sr. John Reed, então chairman do Citicorp, assim se manifestou.

Pergunta :O que separa o Brasil do primeiro mundo ?

Resposta : US$ 50.000,00.

Pergunta : Pode elaborar ?

Resposta :US$ 50.000,00 é o valor de "embedded capital", per capita, investido pelos países do primeiro mundo.

Desânimo total. "Embedded capital" significa o montante total de capital raiz investido por habitante do país em escola, saúde, emprêgo, habitação, transportes, enfim infra-estrutura em geral, necessários para o cidadão ter boa qualidade de vida.

Como se vê, num país onde o governo economiza reais para pagar parte do juros da dívida interna, o caminho para que alcancemos padrão de primeiro mundo está bem longe.

Hoje, entretanto, lendo os jornais fiquei um pouco mais animado com o futuro dos meus netos, ao ficar sabendo que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) está em vias de emprestar US$ 4,5 bilhões para o país, quase metade do valor destinado a América Latina. Esse dinheiro será para financiar projetos no setor privado e público em obras de infra-estrutura bem como em outras incluidas no PAC - Programa de Aceleração do Crescimento.

O mesmo jornal - Estadão - informa que os desembolsos do BNDES cresceram 62% ,nos 12 meses encerrados sem Janeiro de 2007 ,para financiamento de projetos de infra-estrutura ( cerca de R$ 26 bilhões ) , mais do que foi destinado à indústria ou qualquer outro segmento da economia. O câmbio irreal do país prejudicou a indústria mas o fato é que os projetos de infra-estrutura estão em andamento.

Esses dois fatos isolados não nos deixa otimistas ao ponto de achar que o primeiro mundo está logo alí virando a esquina. Entretanto, é um alento saber que, finalmente, alguma coisa estamos fazendo para encurtar nossa distância desses países que investiram os seus US$ 50.000,00 por habitante.

O que temos que fazer já é multiplicar nossos investimentos em educação e saúde, pois de nada adiantará uma melhor infra-estrutura em estradas, portos, geração de energia, etc. se nosso povo continuar analfabeto e com saúde debilitada. Creio que esse é um esforço de responsabilidade maior do governo federal, bem como com parcelas importantes dos estados, municípios e da sociedade como um todo.

Temos consciência de que esse é um processo de longo prazo, que fica mais longo quanto mais tempo demoramos para enfrentá-lo com seriedade. Temos que mostrar que o Brasil tem saída , não apenas por Cumbica ou Galeão.