O banco de investimentos Goldman Sachs emitiu comunicado hoje recomendando SELL (venda) das ações do Citigroup. As ações do Citi já cairam 40% este ano e apesar da provisão de crédito de US$ 11 bilhões já efetuada, o banco de investimentos acredita que teremos mais prejuizos aí pela frente provenientes da carteira de crédito (inclusive sub-prime e "off balance sheet"). Certamente o Citi errou totalmente a mão na administração da sua carteira de crédito (a "cultura" de crédito sempre foi forte no Citi ...) e , quando tal acontece, não tem perdão. O que mais entristece a mim, que efetuei carreira de 46 anos no Citi e tudo que tenho devo ao banco, é vê-lo nessa situação e o Goldman Sachs considerar-se mais pessimista por "falta de liderança". O Citi que sempre foi um banco que se diferenciou pela sua liderança tanto no mercado interno quando externo (solução do problema da dívida externa dos países em desenvolvimento), passa agora por essa situação constrangedora de não ter na sua equipe alguém que claramente pode resolver ou encaminhar a solução dos problemas do banco.Quem não se lembra de John Reed e William Rhodes além do saudoso Mario Henrique Simonsen no Conselho ? Robert Rubin, ex-secretário do Tesouro, é hoje o homem forte do Conselho de Administração, mas o president e(CEO) é interino e os "boatos" são de que o Citi estaria procurando alguém no mercado. Vamos torcer para que os problemas sejam resolvidos embora com um custo maior para seus acionistas. Gostaria de estar lá para poder ajudar (pelo menos esclareceendo a opinião pública do que está sendo feito para enfrentar os desafios) mas minha vez já passou e os tempos são outros.
Alcides Amaral
Alcides Amaral foi presidente do Citibank S/A, da ABBI -Associação Brasileira de Bancos Internacionais e é jornalista formado pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero. É autor do livro “Os limões de minha limonada”
Mensagem da Semana
Este domingo sombrio, triste e de temperatura baixa, parece demonstrar o que será a nova semana que se inicia amanhã, dia 17 de Março.
Depois do anuncio, na última semana, do crescimento da economia em 2007, alcançando 5,4%, o governo foi obrigado a dar início “a sua política” cambial com algumas medidas - tímidas - para dar suporte aos exportadores. E , também, para dificultar a entrada de dólares de curto cujo objetivo é especular contra o a nossa alta taxa de juros. A inflação está ameaçando subir de patamares, o BC está preocupado e já se fala em aumento da taxa Selic pela autoridade.
Assim, nesta semana não faltarão novidades e especulações à respeito. A economia e os bancos americanos continuarão a causar transtornos, e o próprio Lula já manifestou-se preocupado com o alto nível de consumo - janeiro foi maior do que dezembro - que pode, sim, jogar mais lenha na fogueira da inflação.
Os tempos estão mudando, o “céu de brigadeiro” está ofuscado pelas nuvens cinzas, o nosso governo vai ter que ser mais governo e agir mais, o que não foi necessário até o ano passado. “Não saber” ou “não fazer nada” não era muito importante, pois o mundo estava nos empurrando para frente.
Nossa balança comercial já está mostrando enfraquecimento, e só seremos salvos pelas commodities que, se nada der errado, gerarão mais de US$ 100 bilhões em divisas. O importante é que a China não tome medidas mais drásticas com relação a sua inflação (está o dobro da nossa ) o causaria uma queda do preço das commodities, um desastre para nos.
Portanto, mais uma semana aí pela frente que não será muito diferente daquelas que tivemos nestes meses de fevereiro e março.O que precisamos é de algum alento novo vindo de Brasília, para que o Brasil se distancie da “crise” mundial e prove ser um país emergente com pulmões de aço, isto é, que tem seu próprio caminho e poucas - melhor pouquíssimas - vulnerabilidades.
Boa semana a todos pois temos certeza que, embora lentamente, vamos continuar vencendo.
6 comentários:
Prezado Alcides,
Não podemos negar a crise america nos créditos sub-prime, mas tenho uma opnião do nosso mercado, no qual, futuramente poderá acontecer o mesmo.
Só que não nós sub-prime, mais sim nos créditos e financiamentos de automóveis, pois as instituições financeiras, que temos no mercado, estão fornecendo "créditos", quase sem nenhum critério e cada vez mais alongando os prazos para o pagamento, onde vejo isso, com maus olhos, pois a população esta cada vez mais se individando, onde poderá acontecer o mesmo.
Mas espero que não aconteça.
Com a sua experiência de mercado financeiro como você analisa esta situação??
Prezado Alcides,
Essa crise mostra, mais uma vez, que em momentos de grande expansão a empresa que estiver em constante crescimento fica para trás. Isso é alcançado utilizando instrumentos cada vez mais complexos e reuzindo a aversão ao risco, até o ponto chegar onde chegamos. O citi não é muito diferente disso, se não tivesse se exposto a esse tipo de créito poderia ter ficado para tras, mas por outro lado faltou um controle de risco mais rigoroso. No caso do crédito brasileiro, acho que existe uma diferença, eles não securitizados. Dessa forma, um aumento da inadinplência não deve gerar um efeito tão grande como esse, que tem afetado principalmente os fundos de investimentos.
Parabéns pelo seu blog, sou novo na área (mestrando) mas tenho gostado muito do que tenho lido aqui.
Prezados Fabio e Daniel
Gratos pelos comentários. A crise da "bolha imobiliária" era uma crise anunciada há mais de 2 anos mas os bancos com a ânsia de crescer seus ativos e gerar mais lucros, entraram "de cabeça" esquecendo os padrões de crédito. Nada acontece por acaso. O problema é sério e ainda, infelizmente, não terminou. Estarei acmpanhando junto a New York e informando aqueles que prestigiam este nosso espaço.
No Brasil a situação é um pouco diferente, mas concordo que "estamos esticando um pouco demais a corda". Muitos bancos queerendo crescer ao mesmo tempo o que leva ao enfraquecimento dos padrões de crédito. Não espero nenhuma crise por aqui, mas sim algumas decepções com os resultados dos bancos (especialmente médios e pequenos) em 2008.
Prezado Alcides,
Desculpe minha ignorância, estou tentando entender um pouco melhor esse panorama. Todos estão falando da crise imobiliária/créditos ainda há muito temor no mercado porque os bancos menores ainda não divulgaram seus prejuízos, mas já se sabe que o buraco é bem grande.
Até agora só está se falando de problemas, gostaria de saber das soluções, em um caso desses, o que deveria ser feito? Essa solução viria em 1 mês? 1 semestre? 1 ano? ou mais? O que esperar do mercado de ações (por exemplo) nos próximos meses nesse setor?
abraço,
Parabens.. li sua materia de vida na revista consumidor moderno... parabens e fique com Deus
Heverton anunciacao
www.heverton.com.br
Prezados Ricardo e Heverton
Grato pela mensagem. Quanto os bancos , estamos falando dos bancos americanos e mesmo que eles tenham algum prejuizo maior não criarão impacto no mercado. O problema é se os grandes forem afetados em demasia, o que não aconteceu. Perdeu-se muito dinheiro mas os bancos tem capital para enfrentar. Falando de bancos pequenos, nos Estados Unidos os depósitos/CDB/Time DEposits são garantidos pelo Governo até US$ 100.000,00 por pessoa, por banco. O mercado de ações está sofrendo, os bancos já perderam muito do seu valor, e há gente acreditando que é hora de comprar pois os preços estão baixos e os grandes bancos devem recuperar-se. Mas como não sou expert em ações (pois a cotação depende de outros fatores além do lucro do banco em si) fico por aqui.
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