terça-feira, 20 de novembro de 2007

Citigroup ; "no panic"

Várias pessoas entraram em contato comigo para tentar saber o que está acontecendo com o Citigroup/Citibank e o que deveriam fazer. Embora minhas palavras fossem de conforto, decidi manter contato com um "senior" do Citigroup em NY e um "vice-presidente" da Merrill Lynch, também de NY.

Após uma longa conversa, podemos resumir a situação da seguinte maneira :
-o Citigroup sofreu o impacto do sub-prime e outras tansações ligadas ao mercado imobiliário e talvez tenha que efetuar mais uma provisão de crédito de cerca de US$ 10 bilhões no 4º trimestre ;
-paralelamente o Citigroup possue várias outras atividades que estão dando lucro (cartão de crédito, negócios com pessoas juridicas, franchise internacional etc) que farão com que a provisão não pese muito no balanço do banco. O 4º trimestre possue boas chances de terminar com lucro, apesar da provisão mencionada;
-o Citigroup anunciou para o mercado que pagará os dividendos normalmente , pois a caixa do banco não foi afetada ;
-para provar que o Citrigroup continua tendo crédito no mercado, em 2 dias foram vendidas pelo banco "prefered shares" no valor de US 1 bilhão ao custo de 7,875% ao ano. O custo foi um pouco alto mas o Citigroup pode recomprar esses papéis a qualquer momento. O investidor que quizer fazê-lo terá que vender o papel a custo de mercado e, dependendo das taxas vigorantes e a situação do banco, ganhar ou perder dinheiro. Minha aposta é que o Citigroup recomprará esse papel em alguns anos, quando a tormenta passar e as taxas de juros cairem;
-durante os próximos 3 trimestres (até meados do ano que vem) a situação dos bancos americanos ( e, obviamente, do Citigroup também) continuará sendo afetada pela volatilidade do mercado. Mais algumas provisões de crédito provavelmente deverão ser efetuadas até que o mercado volte a normalidade;
- nunca devemos esquecer que o Citigroup tem um Net Worth (capital) superior a US$ 120 bilhões, portanto, com bastante fôlego para enfrentar esses desafios:
- o grande problema pendente é a falta de liderança no banco, pois o novo "presidente" ainda não foi contratado. Temos uma pessoa vinda da Europa agindo como CEO e trabalhndo junto de Robert Rubin, cuja experiência não precisamos comentar;
-finalmente, há interlocutores no mercado internacional dizendo que está chegando a hora de comprar ações de alguns bancos que foram muito afetados. Estão"baratas" e devem reagir com os ajustes dos bancos.

Portanto, o objetivo deste comentário é afirmar para os visitantes deste blog e leitores em geral que "there is no panic", isto é, não há pânico algum. Podem ficar tranquilos com relação a estabiliade do banco e continuarem operando normalmente com o Citigroup/Citibank. Crises como essa já foram enfrentadas e superadas e tão logo o problema de liderança tiver sido definido o cenário começará a mudar.

Como ex-citibankense que fui fico triste em ver a organização passando por mais essa fase difícil mas estou confiante que a marca "Citigroup/Citibank" é forte o suficiente para nos deixar dormir tranquilos pois quem não dorme é o banco ..."The Citi Never Sleeps".

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem, então o mercado terá novas, e talvez maiores, turbulências à frente. Os famosos rumores de mercado dão conta que o Citigroup, entre outros, está prestes a enfrentar problemas também com sua carteira de "credit cards". Essa cultura americana de pagar cartão de crédito com cartão de crédito e de ter o cartão como garantia de outro créditos, no caso específico das hipotecas, vai acabar levando o sistema ao ( esperamos que não "para o" ) buraco negro.

Cordial abraço

Robinson Rayol

Alcides Amaral disse...

Prezado Robinson

Se o banco ( ou bancos) tiverem mais problemas do que os esperados para os próximos 3 trimestres, nunca esqueça que o FED está atento. Já houve crise pior no começo da década de 90 (também originária do setor imobiliário) e a atuação do FED foi perfeita em dar tranquilidade ao mercado e fazer os bancos seguirem uma cartilha apropriada para recolocar os bancos em ordem. Além disso, conforme já comentei, existem outras fontes de renda internar e externas para serem consideradas. Tanto lá como aqui há bancos que são "too big to fail".
O mais importante é que não sou dono da verdade e meus comentários são efetuados baseados em consultas a pessoas que estão vivendo os problemas. Se algo de novo acontecer, não há dúvidas que voltarei ao assunto.
Abraços