sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Bush e a "bolha" americana

Aqueles visitantes que tiveram oportunidade de ler o artigo abaixo (As lições da bolha americana) já sabem minha opínião à respeito do que está acontecendo nos Estados Unidos. E sabem , também, quão responsável é o FED em deixar que essa "bolha" fosse criada sem nada fazer. Pois, o FED como Banco Central que é, tem também a responsabilidade de fiscalizar os bancos. Vaí daí, já diziamos naquele artigo que o governo americano é tão responsável quanto banqueiros e/ou bancários que só visavam bonus polpudos no fim do ano por crescerem suas carteiras de crédito e gerar grandes lucros, de curto prazo.

Pois bem, a medida anunciada ontem na TV pelo presidente Bush vem confirmar nossas afirmações. O governo americano não só ajudará (como já vem ajudando os bancos americanos - pelo menos, os grandes ) como também mais de 1,2 milhões de proprietários de imóveis no mercado chamado de "sub-prime" (alto risco). Bush informou à população americana que congelará por 5 anos as taxas de juros dessas hipotecas, desde que o tomador de crédito venha pagando corretamente seus débitos. A medida foi tomada agora pois no começo do próximo ano os juros deveriam ser reajustados e, assim, milhares de proprietários não teriam condições de cumprir com suas obrigações.O Presidente americano disse textualmente ; " Não há solução perfeita, mas os proprietários de casas merecem nossa ajuda. E os passos que apresentei hoje (ontem) são uma resposta sensata a um sério desafio". Portanto , um "méa culpa" mais do que merecido.

Com isso , aqueles que possuem contas em bancos americanos aqui no Brasil, podem ficar tranquilos, pois o "problema" é do FED. Os bancos, seus acionistas e mais prá frente seus funcionários (certamente teremos demissões, especiamente nos Estados Unidos) pagarão parte do prejuizo.E os bancos continuarão tocando suas vidas.

Eis, pois, mais um capítulo da novela "bolha americana" que continuará pelas próximas semanas e meses.O governo americano (incluindo-se aí o FED) nunca foi "tão flexível" e continuará sendo. As taxas de juros americanas cairão na próxima semana e continuaremos a receber mais dólares do que precisamos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Alcides,

Essa medida é boa para os mercados que respiram um pouco. O caso é que ja vimos diversas bolhas e o fed sempre tendo que socorrer os mercados financeiros. O problema é que dessa vez, afetou o mercado imobiliário que é um dos grandes motores da economa americana. A minha questão é como essa medida do governo vai ser transformada em ação por parte dos gestores, podemos ver uma situação de noa redução da aversão ao risco, pois os agentes vão considerar que as autoridades vão apagar o incendio quando for preciso. O problema é que estamos numa situação delicada e se isso vier a acontecer, a credibilidade do sistema financeiro americano pode ser abalada e ai gerar uma grande crise.

Um Abraço

Daniel
dfaria83@gmail.com

Alcides Amaral disse...

Prezado Daniel

Grato pelo interesse e comentários. A credibilidade do sistema financeiro americano já foi quebrada com a "bolha imobiliária" ... e não foram só os bancos americanos. Infelizmente, quando os bancos pequenos são atingidos os governos, em geral, deixam que eles desapareçam. Quando se trata de grandes bancos ( too big to fail) aí o socorro é iminente e quase obrigatório, pois caso contrário, o país vai sofrer junto com os bancos. Aqui mesmo tivemos o Proer para salvar bancos, mas o Banco Santos deixaram afundar... e está certo, devia afundar mesmo. Portanto, continuo com minha posição de que o governo americano (leia-se FED) é tão responsável quanto os irresponsáveis banqueiros/bancários que criaram essa situação. Não foi a 1ª , não foi a 2ª e não será a última.
Na próxima edição ( 2ª feira) falaremos um pouco das agências de rating.
Abraços

Robinson Rayol disse...

Caro Alcides,

Creio que a tendência seja das autoridades americanas buscarem novos mecanismos de controle dos ativos financeiros. Um "novo" problema irá surgir se e quando o FED, ou algum outro órgão regulador, obrigar os fundos a contabilizarem seus ativos "estruturados" por um sistema padrão. Já está em fase de análise este tipo de sistema e quando isto ocorrer creio que teremos novas precificações. E a valores mais realistas com certeza menores dos que estão sendo contabilizados atualmente. Mais tombos nos balanços à vista? Ou crê que os bancos já ajustaram o suficiente?
Este anúncio do "plano Paulson" para as hipotecas americanas é um passo, pequeno de fato, para ao menos sinalizar que o governo tende a afrouxar o garrote dos tomadores. Porém este plano vem com tantos "senões", tantas restrições, que os beneficiados serão bem menos do que os estimados 1.200.000. Já tem economista calculando em 240.000 apenas.
Vamos aguardar os próximos passos.

Um abraço